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Esportes

Aos 82 anos, Comercial planeja SAF e volta à 1ª divisão de MS em 2025

Presidente revela planos para SAF, acesso à Série A e resgate do torcedor em Campo Grande

Por Gabriel de Matos | 15/03/2025 09:15
Aos 82 anos, Comercial planeja SAF e volta à 1ª divisão de MS em 2025
Torcedor próximo ao acesso ao Estádio Morenão em 2019 (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

O Esporte Clube Comercial, um dos clubes mais tradicionais de Campo Grande, está em um momento de reestruturação e planejamento para o futuro. Neste sábado (15), a instituição comemora seu aniversário de 82 anos. Em entrevista exclusiva, o presidente do clube, Marlon Brandt cujo foram abordados os avanços na criação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), as metas esportivas para 2025 e os desafios enfrentados para atrair investidores e reconquistar o torcedor.

RESUMO

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O Esporte Clube Comercial, de Campo Grande, celebra 82 anos com planos de reestruturação e retorno à primeira divisão do futebol sul-mato-grossense em 2025. O presidente Marlon Brandt destaca a criação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) como estratégia para atrair investidores. O clube enfrenta desafios financeiros, com uma dívida de R$ 5 milhões, e busca melhorar a infraestrutura para aumentar o público nos estádios. O Comercial, que já viveu momentos de glória, visa resgatar sua tradição vitoriosa e está focado em subir para a Série A, enquanto negocia com potenciais investidores.

O principal tema da conversa foi o andamento da SAF, modelo jurídico que tem revolucionado a gestão de clubes no Brasil. Segundo o presidente, a primeira etapa da atual gestão foi preparar o Comercial para receber investimentos. “O primeiro passo que a gente fez foi aprovar em assembleia, com a diretoria e os sócios patrimoniais, a criação da SAF. Já temos as minutas prontas para dar entrada na Junta Comercial, com apoio do governo e da federação”, explicou.

A SAF, no entanto, depende de um investidor para sair do papel. “Ela é o principal ponto para atrair um investidor. Estamos pavimentando o acesso, dando condições para que ele venha”, destacou Marlon. Ele revelou que existe um “parceiro histórico” em negociação, mas nada está definido. “É o nosso plano A, mas estamos abertos a outras possibilidades. Queremos alguém com respaldo financeiro e credibilidade.”

Questionado sobre a estrutura da SAF, como a divisão de percentuais entre o clube associativo e o investidor, o presidente afirmou que isso dependerá do tipo de aporte financeiro. “Vai depender do investidor. Não pretendemos mudar o nome ou a identidade do Comercial. Ele vai manter a mesma estrutura, o mesmo nome, a mesma tradição".

Aos 82 anos, Comercial planeja SAF e volta à 1ª divisão de MS em 2025
Marlon é o atual presidente do Esporte Clube Comercial (Foto: Gabriel de Matos)

Foco na Série B e perspectivas para 2025 - Enquanto a SAF não se concretiza, o Comercial mantém os pés no chão e foca na disputa da Série B do Campeonato Sul-Mato-Grossense. “Até que tenhamos um investidor efetivo, nosso foco é total na Série B. Vamos participar do Sub-13, que é obrigatório para cumprir os requisitos da federação, e concentrar esforços no acesso à Série A”, afirmou o mandatário. Ele reiterou o compromisso: “Com ou sem investidor, vamos trabalhar para subir o Comercial em 2025.”

O presidente estima que, sem aporte externo, o custo para montar um time competitivo na Série B e garantir o acesso gire em torno de R$ 500 mil. “É uma estimativa média, mas depende dos adversários e da dinâmica do campeonato. Estamos reduzindo custos ao máximo para fazer o dinheiro render”, disse, destacando a confiança na equipe administrativa, que inclui o vice-presidente Cláudio e o coordenador de base Mateus Sabatine.

Aos 82 anos, Comercial planeja SAF e volta à 1ª divisão de MS em 2025
Elenco do primeiro título do Campeonato Mato-Grossense (Foto: Acervo)

Dívidas, Público e Infraestrutura - O Comercial enfrenta desafios estruturais que vão além do campo. Com uma dívida estimada em R$ 5 milhões, composta principalmente por débitos trabalhistas, o clube aguarda um investidor para retomar a administração financeira. “No mundo do futebol, é uma dívida irrelevante, mas precisa ser quitada e gerida. Só vamos conseguir isso quando a roda começar a girar”, ponderou o presidente.

Em 2024, o Comercial foi o clube que menos levou torcedores em quantidade total no Estadual da Série B 2024, com menos de 200 pessoas por jogo, segundo levantamento baseado nos boletins financeiros. Para reverter esse quadro, o presidente aponta a necessidade de melhores condições nos estádios. “A culpa não é do público. Os clubes têm que oferecer algo atrativo. Campo Grande não tem um palco decente. O Estádio Jacques da Luz não é um lugar que você leva a família no domingo à tarde”, criticou.

Ele defende a construção de uma arena com capacidade para 15 a 20 mil pessoas. “Campo Grande tem quase  1 milhão de habitantes. Precisamos de um estádio confortável, que dispute com cinema, TV a cabo e outros entretenimentos. O governo precisa investir nisso.” O presidente citou exemplos como o Allianz Parque, em São Paulo (SP), e até o Estádio 2 de Maio, em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia de 100 mil habitantes com estrutura superior à da capital sul-mato-grossense.

Aos 82 anos, Comercial planeja SAF e volta à 1ª divisão de MS em 2025
Marlon Brandt lendo documento com a história do Esporte Clube Comercial (Foto: Gabriel de Matos)

Paciência e ambição - Com experiência de oito anos como vice-presidente antes de assumir o comando, o atual mandatário afirma que não houve surpresas na transição. “A dificuldade de arranjar investimento é grande porque somos seletivos. Não queremos aventureiros. Estamos trabalhando com calma para encontrar o parceiro certo.”

A estratégia é clara: subir para a Série A em 2025, estruturar o clube e atrair um investidor sólido para 2026. “Um time na Série B é uma coisa, na Série A é outra. Precisamos voltar ao topo para ter mais chances de investimento”, analisou. Além disso, o presidente planeja aproveitar uma viagem aos Estados Unidos em abril para apresentar o potencial econômico de Campo Grande e buscar parcerias internacionais.

Aos 82 anos, Comercial planeja SAF e volta à 1ª divisão de MS em 2025
Torcida do Comercial dentro do Estádio Morenão em 2019 (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

História e glórias - Fundado em 15 de março de 1943 pelo esportista Etheócles Ferreira, o Esporte Clube Comercial completa 82 anos em 2025 com um legado marcante. Seus primeiros jogadores eram estudantes do Colégio Dom Bosco, e o clube permaneceu no amadorismo por 29 anos. O registro profissional veio em 1972, quando venceu um torneio seletivo e se tornou o primeiro representante de Mato Grosso no Campeonato Brasileiro de 1973 – feito histórico antes da criação do Estado em 1977.

O Comercial tem nove títulos estaduais em Mato Grosso do Sul (1982, 1985, 1987, 1993, 1994, 2000, 2001, 2010 e 2015) e um em Mato Grosso (1975). Foi o primeiro clube a representar Mato Grosso na elite nacional e o último a fazê-lo por Mato Grosso do Sul. Em competições nacionais, destacou-se com o 4º lugar na Taça de Prata de 1981 (Série B), o 3º lugar na última edição da Copa Centro-Oeste e o 7º lugar na Copa do Brasil de 1994. No cenário local, também acumula nove títulos da Liga Campo-Grandense de Futebol entre 1948 e 1971.

O último grande momento do Colorado foi em 2015, quando levantou seu 9º troféu estadual. Hoje, o clube busca resgatar essa tradição vitoriosa, começando pela reconstrução dentro e fora de campo. Em 2023, a equipe foi rebaixada para a Série B de MS.

Aos 82 anos, Comercial planeja SAF e volta à 1ª divisão de MS em 2025
Time reunido depois do jogo, nas Moreninhas, após derrota do rebaixamento (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

Promessa ao Torcedor - Ao finalizar, o presidente deixou uma mensagem aos comercialinos: “Estamos reestruturando o Comercial. Aprovamos a SAF, vamos mexer no estatuto para desburocratizar e atrair mais sócios patrimoniais. Nosso foco é subir para a Série A em 2025. Estamos buscando investidores com credibilidade, mas sem vender a alma. É um processo demorado, mas estamos trabalhando para fazer a roda girar.”

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