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Esportes

Em terra onde futebol é sonho, escolinhas ensinam mais que esporte

Projetos espalhados por Campo Grande atendem 1,5 mil crianças e adolescentes

Gabriel Neris | 05/11/2018 15:40
Gonçalves e Diogo matam a saudade do campo (Foto: Kísie Ainoã)
Gonçalves e Diogo matam a saudade do campo (Foto: Kísie Ainoã)

Compartilhar experiências, mostrar os “atalhos” do campo, contribuir para a formação de futuros cidadãos. Esses são alguns dos objetivos dos professores das oficinas de futebol espalhadas por Campo Grande. E para atingir o propósito, ex-jogadores que fizeram história no futebol sul-mato-grossense estão sendo convocados para esta missão.

Entre eles está o ex-volante Gonçalves, com passagem marcante pelo Comercial, que se dedica a ensinar alunos do núcleo da Escola Pública de Futebol do Elias Gadia, idealizado pela Funesp (Fundação Municipal de Esportes). “A experiência é muito boa, a gente vê o entusiasmo do guri, dos pais, ficamos contentes de ver que amanhã ou depois será alguém na vida”, diz, orgulhoso do papel que desempenha.

Trabalhar com a molecada não é um desafio para o ex-jogador, hoje com 78 anos. Foram 24 anos dedicados ao Colorado da Capital, onde também treinou times das categorias de base. Também participou de outro projeto semelhante, realizado pela Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul). “Sempre estamos conversando, orientando, explicando. É o trabalho que a gente faz”.

Como jogador, Gonçalves desembarcou em Campo Grande com 34 anos, em 1973, já em fim de carreira. Também tem passagens por São Paulo, Nacional, Corinthians, São Bento (SP) e pela Venezuela.

Ex-jogadores relembram bons tempos no Memorial Esportivo do Belmar Fidalgo (Foto: Kísie Ainoã)
Ex-jogadores relembram bons tempos no Memorial Esportivo do Belmar Fidalgo (Foto: Kísie Ainoã)

O projeto da Funesp conta com 14 núcleos espalhados pela Capital, atendendo 1,5 mil crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos. Também foram selecionados a dedo Pastoril, Paulo Rezende, Gilmar Calonga, o ex-goleiro Plínio, Chaveirinho, todos ex-atletas com passagens marcantes pelo Estado.

A lista também conta com Diogo José Pessoa, de 66 anos, o jogador que mais vestiu a camisa do Comercial, 302 vezes. Diogo atuava como lateral e chegou em Campo Grande em 1975 através de Nelson Trad, então dirigente do clube.

Profissional de Educação Física, o ex-jogador lembra a importância dos ex-jogadores estarem do lado da gurizada para auxiliá-los. “É importante a experiência dos ex-jogadores. Também tem o motivo principal do projeto, de formar cidadão em primeiro lugar. Tem que estar na escola, estudando, futebol é uma consequência”, lembra.

Diogo também alerta que a possibilidade de não se transformar o sonho de ser jogador existe, mas que os meninos não se devem se abalar. “Ser jogador de futebol é difícil. O caminho é longo. Se não der certo tem que ter o estudo, tem muito jogador, a maioria, 90%, para de jogar e tem que trabalhar”, completa.

Além do Comercial, Diogo também tem passagens como jogador pelo Mixto e Dom Bosco, ambos de Mato Grosso, Paysandu, e Corumbaense.

Os núcleos do projeto da Funesp estão no Parque Ayrton Senna, Parque Jacques da Luz, Parque Tarsila do Amaral, Parque do Sóter, Elias Gadia, Belmar Fidalgo, Centro Olímpico da Vila Nasser, Guanandizão, campo de futebol do Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), Pioneira, Rochedinho, Anhanduí, José Abrão e Jockey Club. Para garantir que mais crianças sejam atendidas, cinco núcleos foram abertos recentemente nos bairros Zé Pereira, Recanto dos Rouxinóis, Bonança, São Conrado e Mata do Jacinto.

Paulinho Rezende observa meninos de projeto (Foto: Arquivo)
Paulinho Rezende observa meninos de projeto (Foto: Arquivo)
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