Futebol americano em Campo Grande, um cenário de sonhos e dificuldades
Se o nosso tradicional futebol, que é parte da cultura nacional, há muito tempo deixou de empolgar os campo-grandenses, o que dizer então do futebol americano, uma modalidade onde o gol é chamado de Field Goal (vale 3 pontos) e o lance de maior emoção no jogo não é o gol nem mesmo um belo drible, mas o Touchdown, jogada em que o jogador cruza a linha de fundo sem ser obstruído, façanha que vale 6 pontos.
Como não poderia ser diferente, o cenário desse esporte em Campo Grande, assim como no restante do País é desafiador. Falta tudo, de campo apropriado para treinar e jogar, equipamentos, interesse de patrocinadores e torcedores, mas sobra vontade e determinação de quem se dispõe a praticar essa modalidade tão complexa e não nasceu nem vive nos Estados Unidos.
“As dificuldades são grandes, com certeza. Começando pelos equipamentos, que são caros e não existem no Brasil. É preciso importar dos Estados Unidos e custa em media R$ 800 a R$ 1 mil. Como não temos verba de patrocínio, nenhum tipo de apoio, pagamos do próprio bolso”, disse o presidente do Campo Grande Cobras, Pedro Loureiro, de 26 anos, que além de dirigente também joga na posição de Linebacker, atrás da linha defensiva, uma espécie de primeiro volante no nosso futebol.
Segundo ele, só as equipes ligadas aos grandes clubes do futebol brasileiro conseguem ter patrocínios e uma boa estrutura de preparação, como o Steamrollers Corinthians e o Coritiba Crocodiles. "Mas a gente sente que o esporte vem crescendo e apaixonando as pessoas em Mato Grosso do Sul e em todo o País”, avalia .
NEGÓCIO DE FUTURO - Pedro acredita que aos poucos os empresários vão começar a ver o futebol americano como um bom investimento. “Penso que esse é um negócio do futuro. De três anos para cá já houve um crescimento muito grande”, prevê o dirigente e jogador.
Em Campo Grande já existem três equipes de futebol americano: o Campo Grande Cobras, o Jacarés do Pantanal e o Campo Grande Gravediggers. “Além da Capital, duas cidades do interior também montaram times de futebol americano, um em Naviraí e outro em Maracaju”.
Com o surgimento de equipes no interior, a expectativa é começar a realizar campeonatos estaduais. Por enquanto, com apenas três equipes, todas de Campo Grande, isso não é possível. Assim, a única alternativa é disputar o Campeonato Brasileiro, competição que tem início previsto para o mês de junho.
O campeonato é dividido por regiões, as chamadas Conferências. “Aqui nós fazemos parte da Conferência do Centro-Oeste e iniciamos a Liga Nacional jogando contra equipes do Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal”, explicou Pedro.
A disputa da grande final do Campeonato Brasileiro é chamada de Brasil Bowl. Disputado pela primeira vez em 2010, o Brasil Bowl teve o confronto entre Cuiabá Arsenal, de Mato Grosso, e o Coritiba Crocodiles, com vitória dos cuiabanos por 49 a 21.
O Campo Grande Cobras tem 51 jogadores, 35 no masculino e 16 no feminino, e consegue se reunir para treinar duas vezes por semana, sempre aos sábados e domingos no campo do bairro Mata do Jacinto. “Em março vamos fazer uma seletiva para conseguir novos jogadores. Os aprovados terão aulas de fundamentos para conhecer as regras do futebol Americano”, anunciou Pedro Loureiro.