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Esportes

Mesmo sob chuva, Jogos Urbanos Indígenas acontecem na Capital

Competição que chega à sua 300 edição reunirá cerca de 700 competidores no Parque do Sóter; mau tempo cancelou abertura e adiou disputas do futsal

Humberto Marques e Mirian Machado | 28/04/2019 09:58
Gideão confecciona arcos e também compete: paixão de infância. (Foto: Paulo Francis)
Gideão confecciona arcos e também compete: paixão de infância. (Foto: Paulo Francis)

Nem mesmo a chuva que desde a madrugada deste domingo (28) atinge diferentes regiões de Campo Grande desanimou os participantes dos Jogos Urbanos Indígenas. Apesar de o mau tempo não ter dado trégua, a competição terá realizadas ao menos algumas provas no Parque do Sóter –na Mata do Jacinto, norte da cidade.

Em virtude das chuvas, a solenidade de abertura foi cancelada. Da mesma forma, as disputas de futsal devem ser adiadas em virtude do acúmulo de água na quadra. Já as demais competições foram mantidas.

Diretor-presidente da Funesp (Fundação do Esporte de Campo Grande), Rodrigo Terra destacou que a competição, realizada pelo terceiro ano consecutivo, atraiu quase 700 pessoas. “Ficaram quatro anos parados. No primeiro ano fizemos um torneio menor, mas no ano passado veio com tudo e já foi um sucesso, porque neste teve mais gente inscrita de 15 comunidades”, explicou.

Subsecretária de Políticas Públicas para a População Indígena do Estado e representante da Aldeia Indígena Marçal de Souza, Silvana Terena será uma das competidoras do Cabo de Guerra. “É uma tradição da nossa cultura, onde medimos nossas forças. Mas não em uma competição, e sim em uma celebração”, afirmou ela, ao considerar os jogos “a revitalização da nossa cultura, um dos maiores reconhecimentos que a prefeitura fez pela gente”.

Também da etnia Terena, Gideão Jorge Pereira é natural de Aquidauana, mas há 23 anos vive na Capital. Artesão, é responsável pela confecção de arcos e flechas e também competirá no esporte. “Já participei três vezes. Nunca ganhei, mas vou continuar tentando”, afirmou, ao explicar que contará com o sobrinho como parceiro.

Silvana Terena vai disputar o cabo de guerra. (Foto: Paulo Francis)
Silvana Terena vai disputar o cabo de guerra. (Foto: Paulo Francis)
Mau tempo não intimidou participantes. (Foto: Paulo Francis)
Mau tempo não intimidou participantes. (Foto: Paulo Francis)

Quanto a competição, Gideão mostrou preocupação não com a chuva, mas com os ventos. “Na hora que dispara o vento pode atrapalhar e levar a flecha para outro lugar”. Ele ainda revelou viver, ali, uma paixão da infância. “Sempre gostei, pratico desde que era criança”.

Integração – Terra lembrou eu Mato Grosso do Sul tem a segunda maior população indígena do país, e Campo Grande “já tem uma característica de comunidades indígenas organizadas dentro da cidade”. Nesse sentido, instituições de políticas públicas como as focadas no esporte ajudam na integração das diferentes populações.

A tese foi reforçada pelo prefeito Marquinhos Trad (PSD), que compareceu ao local. “Representa a integração das comunidades e reforça a importância de buscarem não a competição, mas sobretudo o entrelaçamento e o conhecimento dos moradores indígenas dentro de nossa cidade. Campo Grande cresceu muito e há comunidades indígenas de bairros como o Dalva de Oliveira que não conhecem os seus patrícios no Novo Dia”, explicou.

As competições começariam às 8h30, mas sofreram atraso em função das chuvas. Além de futsal, cabo de guerra e arco e flecha, devem haver disputas de voleibol 4x4, futebol de 7, atletismo e lança. As disputas ocorrerão de forma simultânea.

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