Pelo esporte, Elton venceu doença e se tornou um dos condutores da Tocha
Elton Pereira de Melo tem 20 anos e é estudante de educação física. Começou no esporte aos 10, quando conheceu e se interessou pelo handebol. Tinha o sonho de se tornar profissional na modalidade quando foi diagnosticado com diabetes tipo 1. A atividade, então, virou válvula de escape para o problema e o caminho para ser um dos condutores da Tocha Olímpica em Mato Grosso do Sul.
O interesse de Elton pelo handebol surgiu na escola, quando via os garotos mais velhos jogando. "Nunca tive habilidade para jogar futebol, basquete e outra modalidade. Ficava na ânsia em jogar handebol, e percebi que me encaixava no esporte", disse.
O atleta treinava três vezes por semana, logo após sair da escola. Nos seis anos que jogou handebol, conquistou vários títulos, entre eles foi quatro vezes campeão estadual, vice-campeão brasileiro e artilheiro do campeonato brasileiro pela seleção do Estado.
O estímulo para seguir no esporte veio após o diagnóstico de diabetes, quando tinha de 11 para 12 anos. "Minha cabeça mudou totalmente depois do diagnóstico, e me apeguei ao esporte como uma válvula de escape. Não queria ficar preso a doença, queria mostrar que poderia ser uma criança com rendimentos e resultados de uma pessoa saudável. O esporte era para extravassar, e os resultados vieram com a dedicação", explicou.
Após descobrir a doença, a rotina no rapaz mudou. Elton é insulinodependente, toma injeções em todas as refeições que faz durante o dia, uma de efeito de 24 horas e tem o cuidado de aferir sempre o nível de glicemia. Ao todo, são seis doses por dia.
Segundo ele, o começo foi difícil, mas com o apoio dos pais, dos amigos e até de adversários, foi possível superar a situação. " No começo foi bem difícil, não vou mentir, mas eu tinha meus pais, minha equipe. Meus adversários sabiam da doença e me ajudavam, e nas viagens que fiz, várias pessoas de todos os lugares do país me falavam que também tinham a doença. O diagnóstico não veio para atrapalhar, mas para dar gás para eu buscar ser o melhor, independente de qualquer coisa", contou.
O atleta se dedicou ao handebol até começar a cursar educação física. Hoje ele é formado em licenciatura e está no sétimo semestre do bacharelado do curso. "Disputei campeonatos durante um semestre pelo meu time da faculdade, mas depois parei. Quis me dedicar integralmente ao meu curso".
Elton deixou a modalidade, mas não abriu mão do esporte. Em 2013, conheceu o ciclismo e continua até hoje. "Escolhi o ciclismo porque eu não poderia ficar parado. Parecia aqueles idosos que se aposentam e voltam a trabalhar. No ciclismo eu faço meus horários, aí dá para dar 100% no pedal e na faculdade", citou com bom humor.
O campo-grandense foi escolhido para carregar a Tocha Olímpica no próximo dia 26 em Sidrolândia, distante 71 km da Capital, após ter sido inscrito pela irmã em um concurso de um dos patrocinadores da Olimpíada Rio 2016. “Minha irmã faz doutorado em São Paulo e escreveu minha história para o concurso sem eu saber, depois me mandou uma mensagem contanto, para eu acompanhar. Não compartilhei nas redes sociais nem acreditei no começo. Depois de um tempo, começaram a chegar vários e-mails, do patrocinador e do Comitê Olímpico. A ficha só caiu quando recebi um onde eles pediam o tamanho do meu uniforme”.
Elton diz estar extremamente ansioso e emocionado em poder carregar o símbolo olímpico. “Essa emoção de levar a tocha não vai ser só minha, mas de todos com quem convivi no esporte. Não tem como você reduzir o fogo olímpico a uma pessoa só, em mim. O significado vai muito mais além. Representa todo o esporte, quem acorda cedo para treinar e deixa de comprar alimento para pagar condução para ir aos treinos. Gostaria que todos sentissem a emoção que eu estou sentindo”, finalizou.