Sábado será um dia de matar saudades dos bons tempos do futebol
O próximo sábado será um dia especial para os campo-grandenses que ainda guardam lembranças dos bons tempos do futebol local. Como parte da programação de aniversário de 118 anos de Campo Grande, um combinado formado por ex-jogadores do Comercial e do Operário das décadas de 1970, 1980 e 1990 vai enfrentar a Seleção Brasileira de Master, às 15h30, no Estádio Jacques da Luz, no bairro Moreninhas.
Dos tempos de rivalidade e conquistas históricas, como a disputa da semifinal do Campeonato Brasileiro de 1977 pelo Operário, à união, confraternização e muitas recordações. São tantos grandes jogadores juntos que fazem o Masters da Seleção Brasileira, comandada por ex-craques como Marcelinho Carioca, Edilson Capetinha e Mauro Galvão, virar coadjuvante.
Sob o comando do ex-goleiro Marcílio, a lista dos convocados tem 70 nomes de ex-craques operarianos e comercialinos, todos com a sua importância na história do futebol sul-mato-grossense. Muitos revelados nos clubes locais, como Lima, Amarildo, Cocada, Cido, Julio Cezar Pelezinho, Celso e Baianinho, e tantos outros que vieram de grandes clubes e aqui ficaram depois de encerrar a carreira.
Lima, revelado pelo Operário Futebol Clube, que depois foi para o Corinthians, defendeu também o Santos, o Grêmio, o Benfica de Portugal e o Internacional, era um dos mais saudados no evento de apresentação do combinado de ex-jogadores da dupla Comerário, na noite desta quarta-feira, 24, no Golden Class. Elegantemente vestido, uma de suas marcas de quando era jogador, o ex-atacante não tem certeza se irá à campo para jogar, mas garantiu que estará presente no jogo de sábado.
“Estou emocionado e surpreso, porque não esperava reencontrar tantos ex-companheiros daquela época”, disse o ex-volante Edson Soares, titular do Operário na memorável campanha no Brasileirão de 1977, também presente no evento desta quarta-feira.
Na festa, se Edson Soares estava vestido de preto, a cor predominante do uniforme do Operário, o ex-meia atacante Viana, que na semifinal do Brasileirão de 1977 era jogador do São Paulo e infernizou a vida dos zagueiros operarianos e do próprio Edson Soares, fez questão de comparecer vestido de vermelho, a cor do Comercial.
“Ter jogado no São Paulo e ter sido campeão brasileiro de 77 pelo São Paulo são coisas que nunca vou esquecer, mas ter jogado no Comercial em uma época que aqui só tinha craques também foi muito especial na minha vida”, disse Viana, astro comercialino na década de 1980.
Canhoto, ele era uma espécie de reserva de luxo do ponta-esquerda Zé Sérgio, estrela da Seleção Brasileira. Mas jogava tanto que assumiu a titularidade no ataque do São Paulo a partir da semifinal diante do Operário jogando como ponta falso pela direita. Na final diante do Atlético Mineiro, no Estádio Mineirão, vencida pelo time paulista nas cobranças de pênaltis, o técnico Rubens Minelli escalou Waldir Peres; Getúlio, Tecão, Bezerra e Antenor; Chicão (capitão), Teodoro (Peres) e Darío Pereyra; Viana (Neca), Mirandinha e Zé Sergio.
Carlos Cidreira, o Copeu, outro que não poderia faltar na lista dos convocados pelo ex-goleiro Marcílio para o jogo festivo diante da Seleção Brasileira de Masters. Aos 74 anos ele continua com a mesma alegria e irradiando felicidade por onde passa como nos tempos de Palmeiras, Santos e Comercial. Na festa de apresentação no Golden Class era ele chegar em uma roda e todos já começavam a rir das suas histórias e tiradas bem-humoradas.
Em uma de suas histórias, Copeu lembrou dos tempos em que jogava ao lado do volante Gonçalves, um mestre na arte de enxergar o jogo, domínio de bola e lançamentos em profundidade, pelo São Bento de Sorocaba e depois no Comercial de Campo Grande.
“Quando eu saí do São Bento e fui para o Palmeiras vendi um macaco hidráulico para o Gonçalves. Três meses se passaram e nada dele me pagar. Quando decidi cobrar a dívida ele virou pra mim e disse: E os lançamentos que eu fiz pra consagrar você, isso não conta? Quero ver agora lá no Palmeiras, porque o Dudu não lança”, lembrou Copeu, fazendo todo mundo rir.
Em seguida ele comentou: “Até hoje nunca vi ninguém lançar como o Gonçalves. Ele não batia forte na bola como fazem hoje, ele parecia colocar com a mão, e aí era fácil o atacante dominar e partir para o gol”.
Mas, se Gonçalves era mestre nos lançamentos, Copeu também ainda hoje é insuperável na arte da cobrança de escanteios. Ele batia escanteio sem tomar distância da bola. Fazia isso com maestria, como se fosse um passe qualquer, e a bola saia em alta velocidade sempre na direção do ângulo oposto do goleiro.
Baiano de Salvador, Copeu defendeu o Comercial entre 1973 e 1975. Pelo Palmeiras fez 122 jogos com 69 vitórias, 30 empates e 23 derrotas, e marcou 16 gols. “É hora de matar a saudade, rir um pouco das barbaridades que a gente ainda consegue fazer em campo”, disse ele sobre o evento deste sábado no Estádio Jacques da Luz.