Antigo "Consulado Português" quer ser ponto turístico em Três Lagoas
Décadas abandonado, sendo referência de descaso em Três Lagoas, casarão foi entregue restaurado depois de uma ação judicial
Todo mundo conhece o casarão de 400 metros quadrados na Rua Paraíba, no centro de Três Lagoas, como o “Consulado Português”. Na verdade nunca foi o consulado de fato, no século passado foi o vice-consulado, que é representação diplomática de um país cujo objetivo é cuidar dos cidadãos fora dele.
Depois de passar muitos e muitos anos abandonado, sendo referência de descaso na cidade, ele foi entregue restaurado nesse mês de julho. A Prefeitura Três Lagoas, segundo anunciou, gastou cerca de R$ 650 mil na restauração. A obra durou mais ou menos um ano.
“O prédio ainda é propriedade privada, por isso enfrentamos várias dificuldades burocráticas. Mas as conversas para compra em definitivo já estão em andamento”, disse o diretor de Cultura, Rodrigo Fernandes.
O processo que desaguou na restauração começou em uma ação movida pelo Ministério Público Estadual em 2013, a Justiça, então, determinou que o casarão fosse reformado em 2016, pois apresentava vários riscos à população local. Porém, só em 2019 o Poder Municipal investiu na restauração.
“É uma obra e um prédio muito importante para os três-lagoenses e vai ser mais uma opção de lazer na cidade”, reforça Rodrigo, que também é historiador.
Segundo o promotor da ação, Antonio Carlos Garcia, “o prédio encontrava-se em total abandono e os proprietários não tinham interesse na restauração, inclusive apresentaram interesse de venda ao Município. Na ação foram juntadas fotografias, em que se verificava o estilo da arquitetura romântica e art decó, bem como o brasão português”.
Agora restaurado, a ideia, de acordo com Rodrigo, é que o casarão possa ser visitado pela população local e por turistas. “Na verdade, estamos tentando resgatar uma série de prédios históricos aqui e esse foi o primeiro desse projeto”.
Mas como assim teve um vice-consulado português em Três Lagoas? Isso mesmo, a região, no começo do século, recebia muitos imigrantes portugueses por conta da companhia ferroviária. Por estar numa posição geográfica estratégica, decidiu-se que ali seria instalada uma representação portuguesa.
A casa, em si, foi construída em 1914, mas somente em 1924, quando um homem chamado Teotônio Mendes foi nomeado cônsul, que o prédio virou o vice-consulado.
Em 1928 realizou uma reforma no local que ganhou a atual característica com traços da arquitetura portuguesa. Seus porões foram até abrigo durante a Revolução de 30, que culminou no governo de Getúlio Vargas.
O local serviu de vice-consulado português de 1924 até o final da década de 40, e em 1998 foi tombado como patrimônio histórico. Desde então padecia sem reforma.
Joaquim Pauliquevis, filho e neto de Teotônio Mendes, morou entre 1991 a 1995, pouco antes do tombamento. Ele está muito feliz com a reforma. “A restauração ficou excelente, estou muito contente que o final dessa história tenha sido essa. Tenho certeza que o prédio estará em boas mãos”".
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