Casa cheia de natureza virou paraíso para família dentro da cidade
A casa que parece “chácara” foi pensada para o descanso e a felicidade das crianças
Quem conhece a editoria de Arquitetura do Lado B sabe que adoramos descobrir casas com histórias por aí, porém a Chácara Mankala, na Mata do Jacinto, foi o maior acaso feliz em uma manhã de sábado infernal na redação, com esta repórter sem pautas.
Durante algumas voltas pelo bairro observando fachadas, descobrimos o espaço lotado de natureza. Quem é sensível, passa pelo portãozinho de madeira ainda com sino antigo e não sai dali o mesmo.
Simplesmente, é impossível entrar na propriedade da família Noal Manfroi e não ser hipnotizado pelos detalhes, pela abundância de árvores, pela exuberância das roseiras e as cores que eles colocaram nos últimos 35 anos por toda parte.
É surpreendente ir andando pelo espaço com algumas construções sem qualquer planejamento, mas cheias de frases inspiradoras, decorações artesanais de todos os tipos, cantinhos de paz, como se o lugar fosse a extensão de toda a calmaria que a família precisasse em dias turbulentos. E descobrimos que realmente é.
A casa ou chácara dentro do bairro, como muitos preferem chamar, foi também o maior acaso feliz da professora de Pedagogia Mirian Lange Noal, de 68 anos, e do professor de Sociologia e Filosofia, José Manfroi, 69 anos.
Eram 16 loteamentos à venda naquela quadra na década de 80. Mirian e José compraram apenas 1. Metade dos lotes foram vendidos e construídos, o que restou, o casal conseguiu comprar aos poucos até completar 8 terrenos, que hoje, formam o Espaço Mankala.
Eles já moravam em outra casa no bairro, mas decidiram fazer daqueles 8 terrenos um espaço de descanso e conexão com a natureza para a família. Assim, plantaram inúmeras árvores, cuidaram do jardim, fizeram a primeira residência, depois outra, uma área gourmet com fogão a lenha e churrasqueira aberta. Anos depois, um espaço coberto para realização de festas e por aí vai...
Mas o que mais emociona Mirian mesmo são as boas lembranças dos últimos anos. “A gente acredita muito em felizes coincidências. Tem uma palavra que chama serendipidade, que é descobrir coisas agradáveis por acaso e foi isso que sempre aconteceu aqui”, descreve.
O lugar, além das muitas cores por todos os cantos, tem plaquinhas que te transportam para um momento de reflexão. Mas ao olhar para o lado, é uma casinha de boneca que faz muitos voltarem à infância ou até mesmo, entrarem dentro dela e se sentirem por uns minutos criança.
A casa de boneca foi construída para a única filha do casal, a professora de Educação Física e doutora em Antropologia da Infância Miraira Noal Manfroi, de 31 anos, que hoje, é moradora e também dona da propriedade. “Foi meu presente de 8 anos de idade”, lembra com brilho nos olhos.
Ela se mudou para o local na pandemia e desde então, cuida do espaço que virou paraíso para a família, os amigos e os campo-grandenses.
Na infância da filha, a mãe recorda que os amigos faziam acampamento e muitas festinhas por ali. Os primeiros banhos “de piscina” eram no lago das tartarugas. Anos mais tarde, com falecimento do pai de Mirian, a herança deixada aos netos foi transformada em duas piscinas, uma adulta e outra infantil. “Perguntamos o que ela queria e ela escolheu a construção da piscina, foi outra realização de um sonho”.
De lá pra cá, elas não conseguem mencionar qualquer episódio com desgosto. Tudo remete a boas lembranças.
“Sempre foi um espaço para ter um canto de descanso, para ter outra simbologia na vida. Mas hoje, eu adoro morar aqui. A minha mãe gosta muito de decoração e várias das peças ela quem fez. As plaquinhas, eu continuo fazendo para alimentar o espaço de boas mensagens”, conta a filha.
Ela também lembra que o lugar chegou a ficar um tempo terceirizado por uma empresa que realizava eventos, mas depois, voltou de vez às mãos da família, que hoje, é quem administra o aluguel. “Famílias alugam para descanso, casamentos, bodas, aniversários ou pra sentir como se estivessem fora da cidade por um tempo”.
Já para Mirian, que é mulher visivelmente cheia de sensibilidades, o local também desperta as melhores memórias afetivas. “Criamos algo com jeito de casa de vó, com fogão a lenha e muitas cores. As pessoas entram aqui e sentem outra energia, uma energia boa. Quando elas voltam para casa, parece que estão voltando de um sítio. Isso pra gente foi uma ousadia, quebra de paradigmas e o acaso feliz”, finaliza.
Quem quiser alugar o local, pode entrar em contato com os donos pelo Instagram (clique aqui).
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