Casa colorida é felicidade de Eloína, depois de perder um grande amor
O amarelo e vermelho de uma casa trazem o charme da arquitetura de madeira para um bairro que só respira alvenaria.
Toda colorida, uma casa no Bairro Monte Castelo traz o charme da arquitetura de madeira para um bairro que só respira alvenaria. Mais do que isso, o amarelo que se destaca bem no meio do quarteirão é também luz aos dias de dona Eloína de Oliveira Corrêa, que há dois anos viu partir o grande amor e não consegue esquecer a melodia do toca-discos, a diversão preferida deles, ali mesmo, na varandinha, bem ao lado da casa de madeira que nunca perdeu a cor.
Do portão à varanda que um dia foi ocupada com as tardes junto ao marido, as flores convidam para um quintal fresco e arejado. No terreno, sem metragem decorada pela dona, foram construídas três casas. Só uma delas de alvenaria, que fica no meio do terreno, pensada para que Eloína e o marido tivessem mais conforto. Mas a casa da frente ela também não esqueceu. “Essa (de madeira) foi construída para minha mãe, ela morava aí dentro”, lembra.
O tempo levou os pais de Eloína até que ela encontrou um grande amor durante um período delicado da vida. “Eu estava fazendo um tratamento de saúde quando o conheci”.
Do primeiro ao último dia juntos foram 43 anos de união. Tempo suficiente para pulsar no coração da aposentada uma saudade que vem forte do quintal. “Na varanda, juntinhos, ouvíamos o nosso toca-discos. Ele era apaixonado por música, eu também, hoje, só silêncio”, diz Eloína.
O marido faleceu em 2016, após uma queda que o levou ao hospital. “Lá ele teve uma parada cardíaca”, conta.
No terreno, limpo e organizado por dona Eloína, não há música, mas muitas flores para colorir os dias junto à casa que hoje não pertence mais a moradora. “No inventário essa casa de madeira foi para um sobrinho, porque nós nunca tivemos filhos e os sobrinhos são uns filhos pra gente”.
A pintura bem-feita é recente e trouxe um alívio. “Ele é muito caprichoso, e isso é bom porque nem todo mundo quer uma casa de madeira”.
Não conhecemos o interior da residência, Eloína preferiu não expor detalhes longe do sobrinho, mas só do lado de fora é possível ter noção dos cuidados e apreço de quem mora ali pela preservação.
A senhorinha, na altura dos seus 76 anos, também diz que nunca pensou em derrubar a casa e nem mudar de endereço. “Cheguei aqui acho que tem mais de 30 anos, é um bairro bom, de vizinhos tranquilos”.
A volta pelo quintal fica curta, já que a moradora avisa dos seus afazeres, mas antes de fechar o portão ela posa contente para a foto, ao lado da casa de madeira que parece abraçar o olhar de quem se encanta. “Eu amei a pintura”, dispara.
Curta o Lado B no Facebook e Instagram.