Castelo com cruz templária na Vila Nasser é projeto de apaixonado por História
Espaço para festas é realização do sonho de descendente de espanhóis e portugueses
Quem passa pela Avenida Tamandaré, próximo à Avenida Mascarenhas de Moraes, consegue ver, mesmo à distância, a bandeira branca com a cruz templária no alto da torre de um castelo. Em fase de conclusão, a obra em frente a um grande descampado atrai os mais curiosos e intriga quem está de passagem pelo local.
Apaixonado por castelos desde que cursou História nos anos 1990, o Defensor Público aposentado Paulo Sérgio Moreno de Jesus, hoje com 62 anos de idade, é o dono do imóvel e defende a beleza quase ignorada da Idade Média. Para ele, chamar o período de “idade das trevas” é uma injustiça. E foi essa paixão que o fez perceber, durante a construção do prédio, que a torre da caixa d’água poderia ser, na verdade, a torre de um castelo. Foi aí que o projeto inicial de sua obra foi abandonado e substituído por um completamente inusitado.
Paulo Sérgio partiu para a pesquisa, em busca da fórmula para transformar um salão de festas em um castelo com direito a portão para cavaleiros, torre e guarda-corpo para arqueiros. Em sua busca ele mergulhou no mundo medieval, passando pela influência da religião na arquitetura da época, o modo de vida das pessoas, conspirações entre reis e papas, senhores feudais, ordens de cavaleiros, as cruzadas, até chegar no que seria sua inspiração para nomear o lugar de o Refúgio dos Templários.
A origem dos cavaleiros Templários remonta ao ano de 1.118, logo no início das cruzadas, conflitos entre o Exército de cavaleiros da igreja católica e muçulmanos, que disputavam o domínio de Jerusalém - a terra santa. Mesmo após sua extinção em 1.312 a Ordem dos Templários seguiu no imaginário popular, dando origem a mitos, histórias controversas e teorias de conspiração que perduram até os dias atuais.
A pesquisa do historiador, que além de ter se formado em Direito também cursou parte da graduação em Jornalismo, foi tão profunda que ele acabou encontrando uma possível explicação para sua paixão por castelos e cavaleiros onde menos esperava: sua própria árvore genealógica.
Filho de pai português e mãe espanhola, ele conta que a criação dos reinos de Portugal e Espanha se deu graças aos conflitos por terra e à forte influência da igreja católica naquela região, onde os cavaleiros tiveram papel fundamental.
Ele pensa em transformar o lugar em salão de festas que também terá decoração medieval, com surpresas. “Lá na frente é Idade Média, aqui dentro é Renascentista”, brinca. Preocupado com a sustentabilidade do projeto, instalou um sistema onde a água da chuva é canalizada para um reservatório subterrâneo e reutilizada. Outro detalhe é a piscina - aquecida com energia solar.
Paulo Sérgio é cadeirante e garante que tudo no espaço está sendo construído pensando também nessa parcela da população. Desde a altura das tomadas, a largura das portas, as rampas de acesso, e até uma cadeira elevador que será instalada na piscina, tudo é planejado para que quem tem mobilidade reduzida também encontre a pausa das batalhas do dia-a-dia.
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*Gustavo Maia é jornalista e colaborador do Lado B.