Casulo é uma casa de vila preenchida com boas histórias de quem ama arte
O respiro do pé-direito alto, o colorido das guarnições das janelas em contraste com o azul da casa, a relação com natureza no entorno. Esses pequenos detalhes chamam a atenção e despertam o interesse de quem passa na frente da casa da atriz e gestora cultural Arami Argüello. O sobrado com fachada azul e uma portinha de madeira, que até lembra uma casa encantada, é a extensão dos sonhos de uma família de artistas que resolveu enfeitar um belo jardim que existia com arte.
Casulo é o nome dado ao lugar que fica em Dourados, a 230 quilômetros de Campo Grande, mas que podia ser pertinho de todo mundo pelas sutilezas. Em dois terrenos agora há uma casa, um teatro, um bistrô e o jardim. O espaço agrega oficinas criativas e promove eventos culturais.
O nome Casulo dado pela família está relacionado ao processo criativo e sensível de cada um, diante do recolhimento e da criação de habilidades dentro das cores, dos sons, do sabor e do saber. Por isso, há três anos a casa que até então era morada de Arami foi se enchendo de arte. “A gente começou cedendo o espaço para pequenas atividades de amigos artistas. Com o tempo, o projeto foi tomando conta da casa e decidimos construir um teatro no fundo do quintal”, conta Arami.
Uma caixa cênica, com estrutura para acomodar um público de 100 pessoas, apresentações, iluminação e sonorização de teatro e música foi inaugurada em setembro. Parte da arquitetura nova foi feita com técnicas de bioconstrução em que a família fez questão de participar do trabalho.
De um trabalho artesanal, com as cadeirinhas no gramado, a família foi se debruçando em todas as vertentes da arte. Hoje, a casa recebe projetos intercâmbio artístico, promove apresentações artísticas locais, nacionais e até internacionais, revela a gestora.
Dentro do espaço ainda há um bistrô, praticamente ao lado do jardim, onde é servido comidinhas veganas. O paisagismo abraçando cada espaço é o convite e o que torna as relações do casulo mais abertas. “O bistrô casou totalmente com a nossa proposta, estava dentro do projeto e foi um encontro perfeito. É acolhedor e ao mesmo tempo faz muita gente se sentir bem na casa”.
E quem entra respira arte por todos os lados, especialmente com a variedade de oficinas, que atende um público de todas as idades. Um exemplo é o laboratório de voz, que desenvolve a musicalidade através da voz, “favorecendo a percepção rítmica, melódica e harmônica”, descreve. Há também oficinas de violão e percussão.
O corpo também é um instrumento na oficina de “Iniciação às Artes Circenses”, que ensina malabarismo, equilibrismo, acrobacia, tecido aéreo e palhaçaria, que além de expressar os sentimentos, desenvolver a capacidade motora, trabalhar paciência e concentração.
A relação com a natureza e proximidade dela no espaço é um convite também às oficinas de yoga. Assim como oficina de teatro e o curso de língua guarani com intuito de ensinar, valorizar e reconhecer a língua indígena.
Em três anos a casa já foi contemplada com projetos como o “Solo de Quintal”, patrocinado pelo Rumos Itaú Cultural (2017), que trouxe artistas da cena de várias regiões do Brasil para se apresentarem no Quintal do Casulo, e o “Coletivo Veraju”, um grupo de artistas que leva música indígena e cantores indígenas Kaiowá ao palco.
O Casulo Espaço de Cultura e Arte fica na Rua Reinaldo Bianchi, 398, Parque Alvorada, na cidade ed Dourados. O contato é pelo telefone (67) 3021 -5550.