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Arquitetura

Do anos 40, vitrais que contam história da Igreja São José serão restaurados

Paula Maciulevicius | 12/02/2014 07:00
Desde a Colônia Portugueza, ainda com a grafia “z” até ofertas de políticos e famílias tradicionais. Deles vieram os vitrais da São José. (Fotos: Marcos Ermínio)
Desde a Colônia Portugueza, ainda com a grafia “z” até ofertas de políticos e famílias tradicionais. Deles vieram os vitrais da São José. (Fotos: Marcos Ermínio)

Nas paredes, os vitrais da Igreja São José contam a história de uma Campo Grande ainda dos tempos de um só Mato Grosso, de quando o Estado era governado por Arnaldo Estevão de Figueiredo, no senado, Filinto Mullher nos representava e no município, era a vez de Fernando Corrêa da Costa.

As vidraças que reproduzem, em colorido, passagens bíblicas e levam o nome de famílias que as ofertaram, hoje começam a ganhar um novo ciclo. Seis décadas depois de refletirem as cenas através dos raios solares, os 65 vitrais vão passar por restauração.

Elementos da arquitetura aplicados em igrejas e templos mundo afora, os vitrais garantem um conteúdo simbólico de maior imponência ao ambiente através dos efeitos do sol. A beleza pode ser contemplada até mesmo no piso. Se tem uma característica que deixa fascinante qualquer edificação religiosa, ela vem da luminosidade que torna viva a reprodução daquela imagem. No entanto, na São José, as vidraças já apresentam rachaduras, algumas já caíram e pelo buraco, até chuva tem entrado na igreja. Outras, foram substituídas por vidros normais até que o processo de restaurar chegue ao fim.

Em Campo Grande, a Igreja São José foi inaugurada em 1949, 10 anos depois dos primeiros traçados do projeto inicial, do arquiteto João Urlass. Considerada uma das três mais importantes igrejas da cidade, carrega nas paredes os nomes de quem contribuiu ofertando os vitrais, que a partir de hoje serão retirados para voltarem com nova roupagem.

Ofertado pelo então governador, Arnaldo Estevão de Figueiredo, vitral já teve parte substituída por vidro normal.
Ofertado pelo então governador, Arnaldo Estevão de Figueiredo, vitral já teve parte substituída por vidro normal.

Desde a Colônia Portuguesa e Japoneza, ainda com a grafia “z” até ofertas do então prefeito, Fernando Corrêa da Costa; senador Filinto Muller; Arnaldo Estevão de Figueiredo – à época governador – e famílias tradicionais, como a de Bernardo Franco Baís; José Nogueira Vieira; Irmãos Nasser; Hércules Mandetta; Dolor de Andrade; Ângela Duailibi, entre outros. A previsão, é de que até março, pelo menos os vitrais da lateral já estejam colorindo a São José.

A empresa responsável pela restauração é de São Paulo e já havia dado um diagnóstico para s vidraças em 2006, mas segundo o padre da igreja, Antônio Ribeiro Leandro, haviam outras prioridades.

Hoje, sete anos depois, os vidros serão minuciosamente retirados. Para o processo de resgatar o que tempo desgastou, serão investidos pelo menos R$ 125 mil. “Eles já estavam caindo, soltando e molhando dentro da igreja. Neste valor estamos calculando a restauração, mão de obra e serralheria”, afirma o padre Leandro. Os 65 vitrais totalizam 125 metros, a cada metro, serão cobrados R$ 1 mil.

Elementos da arquitetura, os vitrais garantem maior imponência ao ambiente através dos efeitos do sol.
Elementos da arquitetura, os vitrais garantem maior imponência ao ambiente através dos efeitos do sol.

Das famílias doadoras, o padre diz que a maioria não está mais em Campo Grande ou não manifestou interesse em restaurar. O nome de quem ofertou continuará, mas em seguida virá os das novas famílias, que entrarão na restauração.

“São famílias de 65 anos atrás. Agora serão famílias novas, mas é histórico, não se pode mudar”, comenta.

Além dos 65 vitrais, dois outros serão produzidos no lugar de imagens pintadas. A igreja segue em campanha para custear sete vitrais restantes. Os valores estimados pelo padre chegam a aproximadamente R$ 13,355.

A restauração, segundo informado ao padre, pode durar até os próximos 100 anos. Depois de colocados os vitrais, todas as aberturas serão travadas e vidros serão colocados do lado de fora, a fim de preservar os retratos das agruras do tempo.

 Os 65 vitrais totalizam 125 metros, a cada metro, serão cobrados R$ 1 mil.
Os 65 vitrais totalizam 125 metros, a cada metro, serão cobrados R$ 1 mil.
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