Na 26 de Agosto, quem não caía em buraco levava chifrada de touro
Iluminação em Campo Grande começou com 62 lâmpadas a combustível que precisavam ser acesas diariamente
Imaginar que quem passava pela Rua 26 de Agosto de noite ficava entre cair em buracos e fossas abertas por enxurradas ou levar chifradas de touros que transitavam por currais chega a ser difícil. Essa era a realidade antes da iluminação começar a chegar às vias públicas da cidade com 62 lampiões que precisavam ser acesos diariamente por trabalhadores do município.
Em 1910, um projeto de lei foi aprovado para começar a instalação dos lampiões e diminuir a dificuldade de andar longe da luz do dia, como narrou o jornalista Valério d’Almeida. Deixando as lembranças ainda mais interessantes, ele explicava que João Vieira de Almeida, o Janjão, precisava andar acompanhado de uma escada passando por cada poste para acender os pavios.
Esse cargo foi exercido por Janjão até morrer e, após seu falecimento, quem assumiu o papel foi Joaquim Boaventura de Almeida.
“Os lampiões ficavam colocados em postes de aroeira, um em cada esquina, outro no centro da quadra. As latas de querosene eram calculadas para que a luz durasse uma noite inteira. Apagava-se de madrugada”, relatou Paulo Coelho Machado.
Sem registros fotográficos dessas cenas, o que ficaram foram as descrições sobre o início da iluminação pública na capital. Sobre o assunto, o próximo passo foi realizar um contrato com a Empresa de Eletricidade A. Veronezzi e Irmãos.
O conjunto elétrico era movido a gás e ficava localizado na Rua 26 de Agosto. Limitado, a energia só funcionava das 18h às 22h com cortes, luz fraca e panes no sistema. “De qualquer forma, os moradores da época receberam a novidade com muita alegria e orgulho. Era a segunda iluminação elétrica do estado, eis que Corumbá já a possuía”, disse Paulo.
Depois, a potência da energia foi aumentando e, ainda assim, os problemas continuavam na iluminação. Mas, em 1922, o então intendente Arlindo de Andrade Gomes enviou um relatório explicando que a cidade precisava de uma usina definitiva.
Foi assim que Campo Grande recebeu sua primeira hidrelétrica, instalada na corredeira do córrego Ceroula. Foram necessários vários anos até que o complexo se expandisse e que a cidade realmente conseguisse um bom fornecimento.
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