“A vida é breve, mas a arte de Isaac é longa”, declaram amigos
O céu ganhou cores e os amigos saudades. Nas primeiras horas da chegada da primavera, o artista e publicitário Isaac de Oliveira encerrou seu ciclo, deixando para quem fica o talento, sorriso e um colorido inesquecível. Assim ensinou que não se pode ter medo de arriscar e que não há nada tão sombrio no mundo que não se pode ganhar novas cores.
Isaac, que sempre prestou reverência à fauna e flora regionais, se despediu nesta segunda-feira (23, vítima de câncer de pulmão. Cercado de amigos e parentes, o último adeus é ao lado das artes, no Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul.
O caixão chegou ao museu às 14h30. Minutos depois, uma das salas estava lotada de amigos, familiares e artistas.
A mulher dele, Selma Rodrigues, mais conhecida como “Secéu” trocou as lágrimas pelo sorriso e comentou que “ele era tão exibido que resolveu partir no 1º dia da Primavera”, época em que a cidade está colorida de ipês.
O ex-senador Pedro Chaves comentou sobre o legado de Isaac, “defensor intransigente do meio ambiente e que transcende Mato Grosso do Sul com sua arte”. Ele lembrou ainda sobre as obras de arte do seu gabinete assinadas por Isaac. “Estarão sempre colorindo”.
O arquiteto Luis Pedro Scalise também esteve no Marco e lamentou a morte do amigo. “Foi um verdadeiro susto! Ele vinha melhorando nos tratamentos e o falecimento deixa o dia mais preto e branco, mas suas cores leves, circulares estarão colorindo para sempre nossa cidade, nosso estado.
Scalise comentou ainda sobre o reconhecimento conquistado por Isaac fora do Estado. “Temos muitos artistas bons, mas poucos se destacam e o Isaac é um deles”. Isaac era baiano, mas escolheu Campo Grande como cidade há 30 anos.
A artista plástica Agnes Rodrigues, de 75 anos, contou ter ido fazer um trabalho na Rede Feminina de Combate ao Câncer na manhã desta segunda-feira (23), quando se deparou com várias obras do Isaac colorindo o corredor. Neste momento foi difícil conter a emoção.
“Tenho certeza que por onde você olhar, em todos os lugares, verá um pouco do Isaac. Principalmente nos ipês de Campo Grande. Ele não deixou de existir, mas com suas cores permanecerá”.
O também artista plástico Carlos Nunes, de 60 anos, disse sempre ter admirado e se espelhado no trabalho de Isaac. “Vai fazer muita falta”.
Declaração semelhante foi dada pelo também artista plástico Guto Naveira. “ A vida é breve, mas a arte dele é longa. Hoje nasceu uma das últimas cores que ele não tinha pintado. Nasceu um ipê negro no céu”, finalizou. (Colaborou Maressa Mendonça)