Amigas fazem de lenços a cadernos para todo mundo ter arte em casa

O encontro de duas amigas resultou na união da arte e na criação do Art du Jour Atelier. Camila Kipper e Ligia Rocha são proprietárias do espaço que é um ‘EJA da pintura’ e aproxima o público de diferentes expressões artísticas. Além dos quadros, elas também produzem cadernos, chaveiros, lenços e canecas que exalam arte.

O ateliê delas fica em um espaço colaborativo no Bairro Jardim Morena onde são ministradas aulas de pintura, oficinas criativas, workshops com artistas convidados, rodas de conversa e apresentações de música, teatro e exposições.

A trajetória de Camila e Ligia, que resultou na criação do lugar, é distinta, mas tem como ponto em comum o despertar delas com a arte.  O encanto com a pintura é um dos principais motivos delas quererem aproximar as pessoas das tintas e telas.

Formada em Ciência da Computação, Camila nem sempre foi artista. Ela fala como foi o processo que a levou onde está hoje. “Eu fiz outra área, mas desde a minha formação me ligava muito na questão estética até dos programas que desenvolvia. Eu me encantei por essa área, foquei muito na parte visual e como vi que minha vida estava indo para esse lado fiz uma pós em artes visuais”, diz.

Em 2008, na pós-graduação, ela teve contato com a história da arte e diversos pintores. A partir dos estudos, ela comenta que sentiu necessidade de colocar em prática o que estava aprendendo. Na época, Camila via tudo como um hobby.

“Eu comecei a experimentar tudo em pintura, comecei tímida porque falava que era hobby. Infelizmente o mesmo preconceito que a gente tenta combater aqui no ateliê eu tinha de achar que arte era um segundo plano, um hobby, que não era uma carreira”, afirma.

A arte tomou uma proporção na vida de Camila que foi inevitável ela não encarar com seriedade e investir na nova profissão. “Aí abri um ateliê antes da pandemia e na ocasião a Lígia estava no Rio e a gente não se conhecia. Aí veio a pandemia, tive que fechar o ateliê e fiquei dando aulas em casa. Quando passou a pandemia comecei a fazer exposições”, fala.

Ligia e Camila se conheceram numa dessas exposições após serem apresentadas por um amigo em comum. Ligia já tinha voltado do Rio de Janeiro onde foi se sentiu motivada a dar um passo maior na arte. Ela comenta como sempre esteve ligada a desenhos e pinturas e como se aprofundou nisso no outro estado.

“Eu fiz Artes Visuais, mas desenho desde criança, o contato com a arte foi desde criança e a aquarela lembro que tive contato durante a faculdade. Me deslumbrei, mas nunca imaginei que pudesse trabalhar de fato com a pintura e com essa técnica. Quando fui ao Rio lá veio o chamado forte para pintura”, explica.

No Rio de Janeiro, Ligia foi para trabalhar, estudar e na ‘ânsia’ por fazer algo a mais passou a pintar. O trabalho era divulgado de ‘porta em porta’ e também no Instagram. Na cidade, ela atuou numa galeria onde realizava oficinas de pintura em aquarela.

“Essa série que é o encontro visual com o choro foi uma exposição que fiz por conta de uma experiência que tive na escola de música. A música e o teatro estão sempre junto comigo, porque são linguagens com as quais trabalhei. Tive contato com músicos de renome nacional, procurei trazer pro campo visual a experiência musical”, diz.

Art du Jour Atelier - Há 1 ano e meio, elas se juntaram para criar o ateliê, que antes de chegar ao Bairro Jardim Morena ficava no Bairro Chácara Cachoeira. Apesar da mudança de endereço, a proposta do espaço segue a mesma desde a criação.

Camila fala sobre o objetivo e a forma como ele é posto em prática no ateliê. “O que a gente tem como objetivo é criar uma cultura do consumo da arte valorizando artistas locais. Por isso a gente chama colegas nossos pra dar aula com a gente para os alunos conhecerem o trabalho”, diz.

Ligia completa afirmando que o ateliê é um espaço onde pessoas de diferentes idades são bem-vindas para aprender. “Além de ser nosso espaço de produção, criação e de oficinas é uma oportunidade para as pessoas que não tem contato com a arte virem pra cá e experimentarem. Eu falo que é o EJA da pintura, porque são crianças, jovens, adultos e idosos. A arte faz parte da formação do cidadão”, pontua.

A aproximação da arte produzida pelas pintoras e o público não se prende exclusivamente ao ambiente. Camila e Ligia comercializam produtos estampados pelas pinturas abstratas e em aquarela. A venda de lenços, chaveiros, cadernos e canecas é chamada de ‘design de superfície’ e é uma outra alternativa para que as pessoas consumam a arte.

Camila traz mais detalhes sobre essa vertente do trabalho. “A gente percebeu que precisava popularizar a arte porque nem todo mundo pensa em comprar um quadro. Eu falei: ‘Amiga (Ligia) vamos começar a estampar nossas obras. Aí a gente começou a fazer subprodutos com nossa arte aplicada. É uma forma da pessoa levar nosso trabalho para casa”, destaca.

Quem quiser acompanhar o trabalho, o perfil no Instagram é @art_du_jour_atelier

Confira a galeria de imagens:

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