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Artes

Batuque de Tayós é mistura de ritmos com tambor, saia rodada e pé no chão

Realizado pela Cia das Artes Rob Drown, a proposta é resgatar a cultura e tradição brasileira através da experimentação, convidando quem chegasse a pegar um instrumento e entrar na roda.

Kimberly Teodoro | 11/01/2019 08:39
Com saias rodadas, pés no chão e batuque de tambores, companhia de artes abre oficialmente as atividades de 2019 (Foto: Kimberly Teodoro)
Com saias rodadas, pés no chão e batuque de tambores, companhia de artes abre oficialmente as atividades de 2019 (Foto: Kimberly Teodoro)

Som de tambores e cantigas animadas, carregadas de arte e história, embalaram a “roda-viva” feita de saias rodadas e pés descalços em coreografias improvisadas de acordo com a música nas boas vindas a 2019 da Cia das Artes Rob Drown, que resolveu dar início às atividades do ano com o Batuque de Tayós, revivendo as raízes da cultura popular brasileira.

A ideia era reunir na tarde de quinta-feira (10), não apenas os membros da companhia, mas abrir o espaço para qualquer um que se sentisse à vontade em seguir o som dos tambores até o segundo andar da Central de Comercialização de Economia Solidária, onde o grupo divide espaço com outros artistas. O “dress code” do convite feito pelas redes sociais pedia “Tambor, saia rodada, dança e sua alegria” para aproveitar um repertório cheio de músicas que são verdadeiramente tradicionais do Brasil, em uma junção da cultura europeia, africana e indígena, que se misturam para dar origem a algo “novo”, único e que só nós temos.

Pés não chão simbolizam as raízes e a brasilidade dos ritmos tradicionais (Foto: Kimberly Teodoro)
Pés não chão simbolizam as raízes e a brasilidade dos ritmos tradicionais (Foto: Kimberly Teodoro)

Fizeram parte da roda ritmos marcantes como o Cacuriá dança que artista Ana Vieira, de 25 anos, explica que teve origem na festa do divino, uma comemoração religiosa no maranhão, como a maioria das danças populares brasileiras e o Coco de roda, que nasceu nos engenheiros e tem relação com o trabalho escravo, vem do som tirado do coco.

“A tradição da música brasileira está na roda de samba no fundo do quintal, no ritmo do batuque e também é muito ligada ao religioso. No nosso trabalho fazemos pesquisa da cultura tradicional brasileira e esses ritmos, mas também acaba sendo uma jornada de autoconhecimento, já que buscamos na nossa árvore genealógica, os lugares de onde nossos antepassados vieram e resgatamos de lá as tradições que vamos trazer para a roda”, diz Ana.

Apesar da pesquisa, a proposta era aproximar as pessoas da cultura brasileira com experimentação, “Nossa regra principal era que as pessoas não deveriam sentar, quem entrou pela porta foi pegando as saias que deixamos nas cadeiras ou um instrumento e já entrava na roda. Queríamos que as pessoas se divertissem e se sentissem à vontade para voltar e participar das outras atividades do grupo”, conta o professor de artes Érico Bispo, de 31 anos, um dos fundadores do grupo.

Era só chegar e pegar um instrumento para se juntar a roda (Foto: Kimberly Teodoro)
Era só chegar e pegar um instrumento para se juntar a roda (Foto: Kimberly Teodoro)
Batuque seguiu em ritmo improvisado, com músicas puxadas por quem estava na roda (Foto: Kimberly Teodoro)
Batuque seguiu em ritmo improvisado, com músicas puxadas por quem estava na roda (Foto: Kimberly Teodoro)

Participando pela primeira vez, Inaê Maria chegou ao grupo pelo Facebook e resolveu aparecer mesmo sem conhecer ninguém, ela conta que sempre gostou de rodas de samba e se encantou com a energia do lugar. Bem humorada, tomou conta do chocalho durante praticamente toda a roda e prometeu voltar para as próximas edições.

A professora de artes Maria Auxiliadora Marques Mogatti, de 53 anos é a “caçula do grupo”, com 3 anos de casa, ela conta que chegou até a companhia por causa de uma oficina de dança e acabou ficando no grupo. Maria conta que costuma levar as vivências da dança para a sala de aula, em uma tentativa de combater a defasagem da cultura brasileira. “Hoje as músicas de infância comerciais são galinha pintadinha, xuxa, e não tem valor cultural, isso acaba fazendo com que muito da nossa história se perca. Me orgulho em passar para as minhas crianças as cantigas de roda típicas do nosso país, músicas que além do ritmo divertido, também transmitem conhecimento”, conta.

Trabalhando sob a chama “Direção Coletiva”, a Cia das Artes Rob Drown é e não um grupo de dança, a versatilidade com quem os integrantes caminham pelas diversas modalidades da arte acabou criando dificuldade na hora da apresentação para outras pessoas. “Nós somos atores, mas não só atores. Nós somos músicos, mas também fazemos poesia. Nós somos poetas, mas também fazemos dança. Nós somos dançarinos, mas também fazemos contação de histórias e palhaçaria. Nós somos Tayós, uma palavra do idioma Iorubá, uma língua africana que quer dizer ‘da alegria’ e não faz distinção entre masculino e feminino, que acabou virando a identidade do grupo”, explica Erico.

Ao longo do ano o grupe realiza oficinas de arte com preços que variam entre R$ 30 e R$ 50, a programação normalmente é divulgada pela página Cia das Artes Rob Drown no facebook 15 dias antes. 

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