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Artes

Brincos com conceito contemporâneo mostram versatilidade do crochê

Mãe e filha produzem acessórios com formatos variados e peças para salvar quem é fã de café

Jéssica Fernandes | 24/08/2023 07:46
uBrinco de crochê inspirado em girassóis é um dos acessórios da loja. (Foto: Arquivo pessoal)
Brinco de crochê inspirado em girassóis é um dos acessórios da loja. (Foto: Arquivo pessoal)

Unidas mãe e filha criam peças que mostram as inúmeras possibilidades do crochê. A Artesanando é a loja em que Dilci Lucy Resende Espíndola, de 62 anos, e Lorena Resende Espíndola, de 37 anos, exploram a criatividade com a linha e a agulha. O resultado são peças coloridas, como os brincos que lembram mandalas e estrelas do mar.

Arquiteta, Lorena é quem conta a história do trabalho artesanal, que de certa forma sempre esteve presente na sua trajetória. Através do exemplo da  mãe, ela despertou cedo a desenvoltura para as artes e o artesanato. A infância de Lorena é cheia de recordações atreladas ao crochê e aos desenhos.

“Eu e minha mãe sempre fomos envolvidas com artes. Cresci vendo minha mãe fazendo crochês, pinturas artísticas, trabalhar muito com artesanato, mas sempre como hobby. Senti um feeling nisso porque via minha mãe produzir e queria produzir também. Isso desde muito criança”, conta.

Feito com linhas coloridas, par de brincos de crochê tem formato de estrela do mar. (Foto: Arquivo pessoal)
Feito com linhas coloridas, par de brincos de crochê tem formato de estrela do mar. (Foto: Arquivo pessoal)

Os primeiros acessórios, que estavam longe de ser o que são hoje, foram confeccionados na infância. Na época, ela vendia na escola por um valor irrisório ou presenteava as colegas com as bijuterias de miçanga e crochê.

“Eu montava bijuterias com miçanga e vendia na escola. Recordo muito bem de pegar os primeiros pontinhos, o ponto corrente no crochê, e fazer correntinhas e conseguir fazer gargantilhas. [...] Isso ficou guardado em mim, cresci sempre ligada com a parte de artes por causa da minha mãe”, recorda.

Com o passar do tempo, ela aprimorou e evoluiu na técnica que era encarada como hobby. No campo profissional, Lorena atuava com restauração do patrimônio histórico onde viajava para diversas regiões a trabalho. A vida 'nômade' que o serviço exigia ficou para trás quando a arquiteta viu que precisava iniciar uma nova jornada. "Aí fui trabalhar com móveis corporativos e fiquei muitos anos trabalhando com isso", diz.

Estilo de brinco no formato de coração é só uns dos vários que compõem a coleção. (Foto: Arquivo pessoal)
Estilo de brinco no formato de coração é só uns dos vários que compõem a coleção. (Foto: Arquivo pessoal)

Artesanando - O projeto entre mãe e filha começou quando a pandemia alterou, assim como de outras pessoas, a realidade de ambas. "Quando a pandemia chegou e a gente viu essa questão de trabalhar em casa e das estarem tendo sucesso com isso, decidimos nos juntar e produzir. Ela produzia na casa dela e eu na minha até que criamos um estoque bem legal e começamos a procurar feiras", explica.

Ao invés de criarem e replicarem o mesmo modelo em diversas unidades de brinco, as artesãs gostam da singularidade e exclusividade de cada peça. Lorena comenta que o projeto tem uma perspectiva diferente em relação à isso.

“A gente não trabalha sob encomenda nesse momento atual porque a gente encara o crochê como uma obra de arte. A gente cria aquela peça, reproduz aquela peça e coloca pra venda. Dificilmente vai ter outra igual, mas se for uma peça que faça sucesso, lanço ela em séries”, afirma.

Sousplat de crochê é um dos produtos do projeto de mãe e filha. (Foto: Arquivo pessoal)
Sousplat de crochê é um dos produtos do projeto de mãe e filha. (Foto: Arquivo pessoal)

Os brincos apresentam estilos variados, sendo alguns exclusivos e outros parte das coleções. Os pacs desse acessório tem formatos pequenos, como os de um coração e outros maiores, como o dos girassóis. Além desses, mãe e filha produzem brincos que lembram mandalas, estrelas do mar, rosas e os ‘aleatórios’.

Quem vê os acessórios nem imagina o quanto a arquiteta estuda e pesquisa antes de começar o crochê. Ela fala que em cada peça procurou valorizar o conceito da contemporaneidade.

"Nossos brincos eu faço todo um estudo antes agregado ao meu histórico de conhecimento com as artes, relações de cores e laços coleções justamente para ter a produção em séries. Eu quis desmistificar aquela relação do brinco ser uma coisa de hippie não que isso não seja legal, mas quis transformar em algo mais contemporâneo", destaca.

Por gostar de formas geométricas e minimalismo, a arquiteta desenvolveu uma coleção bem legal. "O brinco coração tem vários modelos que partiu do desenho clássico do coração e no crochê a gente pode estar brincando para transformar numa forma mais arredondada, menos, estilizada", diz.

Além dos brincos, a loja tem disponível uma linha especial para os fãs do café. “O café no trabalho foi uma ideia da minha mãe. Hoje em dia as pessoas estão tão conectadas em tomar café, ter aquela hora de relaxamento, descanso. Ela ficou empenhada em desenvolver esse produto. [...] É uma caneca envolta em uma camada de crochê que ajuda a conservar a temperatura, além de ficar super estilizado. Vem junto com o porta copos e uma sacolinha para você poder levar em qualquer lugar”, comenta.

Outra alternativa diferente para os porta copos, são os modelos que imitam vasos decorativos, de flores, cactos que se transformam em itens decorativos. "A partir do momento que você querer tomar café você tira do vasinho de flor e aquele produto se transforma em porta copos.

As feiras culturais de Campo Grande são as principais vitrines do trabalho artesanal. O contato entre as artesãs com o público permite que haja essa troca de informações sobre produção, conceitos e os produtos. "A gente acredita muito que as feiras livres são espaços de mercadoria, histórias, cultura, informação e vida. Isso tudo iria agregar ao produto final do Artesanando e trazer essa energia toda", fala.

A produção artesanal e o trabalho em equipe são motivo de satisfação para as empreendedoras que colocam nas peças um pouco do que são e acreditam. "Esse projeto tem nos trazido muita felicidade, temos autonomia para criar, desenvolver e colocar a nossa carinha no produto e tudo que a gente acredita que seja uma obra de arte", pontua.

Quem quiser acompanhar o trabalho, o perfil no Instagram é @artesanando.vendas

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