Cansados de ver filmes ‘perdidos’, jovens querem colocar MS no mapa
Levar produções regionais para o mercado nacional é um dos desafios de quem enfrenta o mundo do audiovisual
Investir na produção de audiovisuais já tem seus desafios e, quando os filmes, por exemplo, já estão prontos, conseguir garantir a exibição fora de Mato Grosso do Sul é uma nova luta. Com isso em mente e cansados de ver as criações perdidas ou engavetadas, produtores regionais decidiram criar seu próprio meio de tentar levar o que é feito aqui para o resto do Brasil.
Integrando a Cura Filmes, Arthur Henrique Antunes explica que tudo começou a partir de um incômodo de, enquanto realizadores de cinema, não encontrar vazão para nossas obras e não encontrar distribuidoras que conheçam a nossa identidade regional. Apesar de muitos filmes serem feitos em MS e no centro-oeste, poucos têm acesso a essas produções. Geralmente, elas ficam concentradas em cineclubes ou universidades onde o público já conhece e tem familiaridade”.
Por isso, a ideia é, através de profissionais capacitados, conseguir fazer essa comunicação para fora do Estado.
“Há muitas vozes sinceras e histórias impactantes espalhadas por nosso País que não recebem a atenção merecida, se perdendo ao longo do tempo, de forma que funcionamos como um grande amplificador, experientes em qual a melhor estratégia deva ser empregada para fazer as produções circularem e se expandirem”, introduz o integrante da Cura sobre o que o grupo se propõe.
Para quem não tem ideia de o que distribuidoras fazem, Arthur detalha que elas são uma ponte para que os filmes cheguem ao público. Isso funciona tanto no sentido comercial quanto na exibição das produções. “É essencialmente um trabalho de divulgação, que envolve desde vender o filme, alcançar maiores e melhores públicos a até mesmo conectá-lo com festivais que estejam alinhados com o projeto”.
No caso da Cura Filmes, o grupo quer unir essa parte de negócios ao viés artístico, “nosso objetivo é criar uma identidade cinematográfica regional que exporte filmes que reforcem isso de alguma maneira, fugindo dos estereótipos já estabelecidos por pessoas de fora do estado”, detalha.
E, na prática, para conseguir desenvolver essa exibição, há alguns critérios de seleção como a qualidade técnica, originalidade e relevância para a cultura e identidade da região. Tudo isso para que haja um espaço que valorize e reconheça o cinema do Centro-Oeste.
“A falta de canais de distribuição historicamente afetou significativamente a visibilidade das produções cinematográficas em Mato Grosso do Sul. As universidades de jornalismo sempre produziram muitos trabalhos na área de cinema e acabaram perdidos no tempo. Sem um espaço centralizado para reunir os filmes locais, a catalogação dessas produções dependia principalmente do boca a boca”, diz Arthur.
Além da disseminação dos filmes, ele defende que a distribuição também faz um trabalho de preservação da memória. “Temos que considerar como estamos cuidando das memórias criadas através da produção audiovisual. Muitos trabalhos que abordavam questões urgentes como a crise climática, o racismo, a LGBTfobia e o extermínio da população de povos originários que não foram vistos pelo restante do país, e até mesmo pela própria população local”.
Falando sobre o cenário de produção, o integrante da distribuidora comenta que um dos principais desafios para a distribuição é realmente a falta de financiamento, já que essa é uma das etapas mais caras.
“Muitas vezes, os cineastas optam por uma abordagem mais gradual, procurando festivais específicos, ou acabam guardando seus filmes após pontuais exibições, pois realizar a distribuição demanda tempo e esforço para encontrar os festivais e espaços que se alinham com as temáticas das produções”.
Ainda sobre esse olhar para a realidade do audiovisual e a distribuição dos filmes, o cineasta de MS, Ulísver Silva relata que há um mercado já bem construído nacionalmente. E, infelizmente, segue sendo muito dominado por produções norte-americanas, inclusive pelo fator de financiamento.
“Já é uma luta criar uma obra, distribuir é outra luta. A gente busca os festivais de cinema, todas as maneiras para conseguir distribuir, mas o cinema americano consegue vir com mais dinheiro e estrutura, inclusive com marketing. Vivemos uma realidade de difícil concorrência”, explica Ulísver.
E, regionalmente, o cineasta explica que Mato Grosso do Sul é, sim, um estado produtor, inclusive pela criação de cursos na área por aqui. “Temos um corpo maior de pessoas trabalhando na área e somado-se a isso, temos nossos editais como FIC e Fmic, além da lei Paulo Gustavo”.
Já para fortalecer o movimento e divulgações, Ulísver narra que com mais produtores e realizadores, é necessário uma organização da classe para buscar divulgações nacionais. “Nossas produções possam chegar a um público maior. O audiovisual é uma arte globalizada, tem potencial para correr grandes distâncias. A gente produz aqui, quer que o público daqui assista, mas queremos que os produtos rompam fronteiras”.
Para entender mais sobre os serviços prestados e conhecer sobre a Cura Filmes, o site é curafilmes.com.br.
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