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Artes

Casa de Manoel de Barros é tomada pelas memórias e um novo livro

Cerca de 400 pessoas estiveram na casa do poeta para lançamento de "Diálogos do Ócio", de Bosco Martins

Por Thailla Torres | 18/12/2023 06:46
Maysa Barros, nora do poeta e a bisneta do poeta Stella e a atriz Ramona Rodrigues com o autor
Maysa Barros, nora do poeta e a bisneta do poeta Stella e a atriz Ramona Rodrigues com o autor

Cerca de 400 pessoas registradas no livro da Casa  Quintal  Manoel de Barros passaram na manhã deste domingo no lançamento do livro "Diálogos do Ócio",  do jornalista Bosco Martins. Uma grande fila se formou para a sessão de autógrafos. O lançamento do livro abriu  a semana de comemorações  de aniversário dos 107 anos de Manoel de Barros e que será na próxima  terça-feira, quando  ele completaria  mais um ano  de vida.

Na  casa onde o poeta viveu e se  transformou em espaço  cultural  diferenciado  e de visitação às "coisas insignificantes"  de  um dos maiores poetas  brasileiros, o que era para ser um formal lançamento de livro, acabou se tornando em uma grande celebração, carregada de significados e emoção. Declamação de poesias de Manoel de Barros, interação do personagem

"Passarinho" pela atriz Ramona Rodrigues, exposição de telas, com cinco  artistas  alternativos, pelo artista corumbaense Jonir Figueiredo, um varal de poesia e o típico arroz-carreteiro pantaneiro, com banana da terra compuseram a outras atrações do evento.

Diálogos do Ócio" foi recebido com entusiasmo pela comunidade acadêmica e o meio cultural. No lançamento a presença do público foi notável. Estavam ali intelectuais, escritores e artistas, produtores culturais, jornalistas, professores da rede de ensino e universitários, poetas, ativistas ambientais, além de pessoas que fizeram parte do círculo de amigos do poeta, fãs, admiradores e a terceira geração da família Barros.

A família Barros estava representada por Maysa Barros, a nora do poeta, e a bisneta Stella e, também, Leonardo Leite de Barros, filho do escritor Abílio Leite de Barros, irmão de Manoel de Barros. Leonardo morou na casa do poeta e se lembra do tio como uma pessoa atenta a tudo no ambiente, “para tudo ele  tinha uma boa  história pra contar,  assim era o meu  tio”.

O presidente da Academia Sul-mato-grossense de Letras (ASL), Henrique Medeiros, os acadêmicos Sérgio Cruz e Abraão Razuk, a escritora Iolete Moreira, Albino Romero, presidente da Casa Paraguaia prestigiaram as celebrações. Políticos ligados à cultura também passaram pela Casa-Quintal Manoel de Barros – políticos como o ex-secretário de saúde  do Estado  e deputado federal Geraldo Resende, ex-deputado e presidente  do PSD Paulo Duarte,  ex-senador Valter Pereira, e ex-vereador Athayde Nery.

Geraldo Resende disse que o livro “mostra o quanto a obra de Manoel de Barros significa para Mato Grosso do Sul e chega escrito por alguém que tinha uma proximidade grande com ele”.

Secretário de Cultura Marcelo Miranda, representando o governador e comemorando o poeta e a nova estrutura da Cultura em MS em 2024.
Secretário de Cultura Marcelo Miranda, representando o governador e comemorando o poeta e a nova estrutura da Cultura em MS em 2024.

Marcelo  Miranda,  secretário de Cultura do Estado, representando o governador, destacou a importância da publicação para a afirmação do patrimônio literário do Estado e, também, do Brasil. “Manoel de Barros colocou Mato Grosso do Sul no mapa da cultura brasileira e se tornou um patrimônio da Literatura Brasileira. Trazer essa contribuição ao legado e memória desse grande poeta é de uma importância sem tamanho”. Miranda  aproveitou para comemorar no ato, a valorização da política cultural no Estado.

Edu Mendes, diretor-presidente da Fundação de Cultura, disse  que o livro  "Diálogos do Ócio". é uma “contribuição de impacto” para o acervo histórico da produção cultural. “Reforçou a imortalidade e o legado de Manoel de Barros e revelou  que o livro  já faz parte  do acervo  bibliotecário  do Estado.

Ao agradecer a produção e organizadores da semana comemorativa aos 107 anos de Manoel de Barros, Bosco Martins propiciou momentos de descontração tomando depoimentos e pedindo declamações de poesias. Chegou a se emocionar ao se referir a Geraldo Espíndola e Celito Espindola a família de artistas que segundo  ele "se tornou um ícone da literatura musical de Mato Grosso do Sul"  e contribuiu segundo ele, "para junto  de Manoel  de Barros,  Zé Hamilton  Ribeiro, os Espindolas, Tetê, Humberto,  Geraldo, Celito, Jerrry e Sérgio  de serem os vanguardistas na divulgação  através de suas artes de MS no Brasil  e no mundo."

Bosco destacou no evento de lançamento, também, a presença de um  antigo fornecedor de nutrição animal que por muito tempo trabalhou para o filho do poeta, João Wenceslau, e tornou-se  da família. Todos que lembravam de momentos alegres com Manoel de Barros também trazem na memória estrofe de algum poema.

Cezinha, apenas, como ele se  apresentou  quando o assunto é a relação com o poeta, se lembrou  de frases ouvidas no dia a dia e que acabaram se constituindo em releitura da obra do poeta, como ‘Socó, socando”; “Borboleta são asas voando”,  etc..frases ditas, por ele e  observando aquilo que o mundo real despreza e não enxerga, como o que encontrar debaixo de uma pedra.

Athayde Nery, ex-vereador,  ativista cultural e poeta, vê o autor de "Diálogos do Ócio" como verdadeiro embaixador de Manoel de Barros.  Sempre se mostrou muito dedicado na divulgação da obra do poeta. Athayde, que assim como Bosco fazia declamações quando visitava Manoel de Barros, declamou  poemas do Manoel  encantando a plateia. Bosco, apelidado de Bardo por Manoel  declamou  um poema  de outro Manoel, o Manoel  Bandeira do qual  Manoel  de Barros  gostava  muito  denominado  "Infância" e que finaliza  com o seguinte  trecho: "E, eu não  sabia, eu não sabia,  que a minha história  era mais bonita  que a de Robinson  Crusoé"!

“A liberdade e a poesia a gente aprende com as crianças”, citou citou o autor. O que chama a atenção e o livro de Bosco Martins proporciona isso, segundo o editor e escritor Douglas Diegues, é a possibilidade de se entender de forma muito leve, a conjugação de sonho com realidade. Nesse aspecto Manoel de Barros não tinha nenhum pudor com a realidade e poetizou sua aclamação como “idiota”, o deixou “soberbo”, desafiando a lógica e a imaginação, tudo que estiver ao alcance do seu quintal, na área urbana e rural. O livro “nos faz penetrar no universo da Manoel de Barros e penetrar no universo da Manoel de Barros é mergulhar na poesia”.

Na sessão de autógrafos, dois escritores corumbaenses retribuíram entregando livros de autoria deles para o jornalista Bosco Martins. Alessandro Sputinicki  entregou exemplar de “Doce Diabo” e Wanderson Ligier a publicação “Loisa e o Diabo”. Sobre os títulos das publicações, Bosco  brincou com os autores na coincidência  do Diabo,  no título, ao que recebeu  a justificativa: “cidade muito quente”. Corumbá é uma das cidades do Estado onde a literatura é muito intensa, berço de vários autores relevantes.

A SEMANA DE DIÁLOGOS

A semana dos 107 anos de nascimento do poeta Manoel de Barros segue na  segunda-feira, 18, exibição de audiovisual; terça-feira, 19, Diálogos com Escritores; quarta-feira, 20, Diálogos com Educadores; quinta-feira, 21, Diálogos da Cultura; sexta-feira, 22 de dezembro, Uma Prática Casa-Quintal, Diálogo Capacitistas, e Brincar Heurística.

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