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Artes

Chave para cultura resistir é ‘cutucar’ com poesia, diz Bráulio Bessa

Poeta integrou a palestra de abertura na 19ª edição da Ruraltur, em Campo Grande, nesta terça-feira (12)

Por Aletheya Alves | 13/12/2023 07:24
Cordelista se apresentou durante noite de abertura da Ruraltur. (Foto: Juliano Almeida)
Cordelista se apresentou durante noite de abertura da Ruraltur. (Foto: Juliano Almeida)

Em Campo Grande pela segunda vez, o poeta, cordelista e declamador Bráulio Bessa foi o principal palestrante na abertura da 19º edição da Ruraltur, feira de turismo rural, na noite desta terça-feira (12). E, ao Lado B, o artista declarou o gosto por estar na terra de Manoel de Barros e poder mostrar que uma das chaves para fazer a cultura resistir é justamente “cutucar” as pessoas com a poesia.

Para o evento do Sebrae-MS, Bráulio teve como tema “a essência e poesia que transformam pessoas e lugares”, mas, antes de falar ao público, o poeta brasileiro contou sobre como a literatura tem o poder de fazer o povo valorizar o que é seu.

“Eu fico muito feliz de estar em Campo Grande que é a terra da poesia, de Manoel de Barros, e ele traz uma poesia de autenticidade tão generosa com o que ele escreve que é uma grande lição para quem quer valorizar o que é seu, valorizar o sentimento de pertencimento”, introduz o cordelista.

Tomando a poesia popular nordestina como base para explicar sobre como entende a literatura enquanto ferramenta para mudar o cotidiano, Bráulio defende que esse tipo de texto é aquilo que sustenta suas raízes. “A poesia popular é temperada pelo sotaque, pelos seus elementos e, embora você fale de uma forma universal, estar aqui com ela é trazer essa força de resistência”.

E, entendendo o Brasil como um país que ainda luta pela popularização da leitura, o escritor garante que subir ao palco para falar sobre poesia é uma das principais formas de “cutucar” as pessoas.

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É despertar esse olhar das pessoas de que nem todo mundo é poeta, mas todo mundo é poesia. Então, a partir do momento em que o povo de Campo Grande se enxerga como poesia, a poesia passa a ser uma ferramenta de narrativa cultural. E o que faz um lugar ser diferente de todos os outros é a cultura, pontua Bráulio.

Assim como citou Manoel de Barros no início da entrevista, Bessa retorna ao poeta para dizer sobre como o escritor consegue fazer o povo viajar através de seus textos. “Com a poesia, inclusive a de Manoel, você vai para todos os cantos. A arte é embaixadora, ela tem essa possibilidade de ser um agente de expansão e todo artista nasce com potencial de ser universal. Encontro isso na poesia de Manoel”.

Já durante a palestra, o escritor usou de sua trajetória para falar sobre a importância da leitura e a forma com que se conectar à poesia mudou mais do que apenas sua própria vida. Avisando que a fala não seria sobre sofrimento e tristeza, o cordelista subiu ao palco na Plataforma Cultural para fazer o público refletir, se identificar e rir durante o processo.

Bráulio retornou aos seus 14 anos, quando teve o primeiro contato com um livro de poesia, e declarou que aquele foi o momento mais importante de sua vida. Usando de um marco na sua carreira, o dia em que participou da Bienal do Livro de São Paulo e ficou entre os 10 escritores mais vendidos, ele declarou a importância do processo de transformação.

Palestrante lotou espaço na Palestra Cultural durante sua fala. (Foto: Juliano Almeida)
Palestrante lotou espaço na Palestra Cultural durante sua fala. (Foto: Juliano Almeida)

“O repórter acreditou que aquele dia era o mais importante da minha vida, mas não era. Fiquei incomodado porque nós normalizamos que a chegada seja o mais importante, mas muitas vezes o começo pode ser, as dificuldades que enfrentamos também podem ser”, relatou o palestrante.

Em sua fala, comentou sobre como ter insistido em ir ao programa de Fátima Bernardes mudou sua trajetória e que graças a não desistir e ter coragem, conseguiu se popularizar ainda mais. E, para além da busca por fama, o cordelista garantiu que estar na televisão aberta significou muito por ter um espaço reservado à poesia.

Ao fim da palestra, o escritor completou sua narrativa contando sobre o instituto cultural que criou para crianças no Ceará. “Eu construí minha casa toda com dinheiro de poesia, mas entendemos que ela não tinha sido feita para mim e para minha mulher. Então transformamos ela num espaço de cultura para que as crianças tivessem acesso à educação depois da pandemia”.

E, com esse exemplo, mostrou que a poesia não mudou apenas sua trajetória, mas sim a de todos que se conectam a ele de alguma forma.

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