Comunidade Tia Eva consegue dinheiro e 95 crianças descobrem o Pantera Negra
Da Comunidade Tia Eva em direção ao cinema, 95 crianças não escondiam a ansiedade para ver pela primeira vez o filme Pantera Negra, mais um da franquia Marvel, mas que desta vez traz um elenco principal totalmente negro. O personagem não é apenas um herói, ele é um rei, cercado de mulheres, que são a força que defende o trono dele, ou seja, o filme traz em seu enredo as duas minorias sociais como força base para a história.
Por meio da pastelada organizada pela Comunidade e também por doações particulares, a Tia Eva conseguiu o feito que vinha sonhando em fazer: assistir no cinema e depois comer um lanche, tudo bancado com orçamento próprio, cerca de R$ 3.500. "É um momento de sair da rotina e isso é muito especial para eles", disse Romilda Rizonio, uma das responsáveis pela meninada, participante do GMUNE (Grupo de Mulheres Negras em Ação da Comunidade Tia Eva).
Por que Pantera Negra? Porque é um filme que trabalha a representatividade, tema que sai das telonas para dentro da sala de aula depois da exibição. “Sentimos a necessidade de trabalhar a questão cultural, a valorização da criança negra, nessa luta por direitos de igualdade. É que quando você consegue se ver na mídia, se sente parte do todo. Do contrário, quando você não se vê ali, a sensação é ruim, de negação. E por isso essa produção é tão importante, mostra para as crianças que é possível existir um herói negro”, como pontua Odete Cardoso, também do GMUNE.
A equipe do Lado B foi querer entender se as crianças entenderam do que se tratava o filme, e mais, se gostaram do que viram em 2h15 de exibição. O coro dizia que sim, e a euforia não deixava negar que, ao menos o passeio, foi de bom proveito.
Para Patrick Jeff, de 18 anos, o filme é tão bom que já era a terceira vez. Quando soube que Pantera Negra continuaria em cartaz no cinema, ele já se prontificou dizendo que toparia ver pela quarta vez. "O filme não tem só cena de ação. Tem muito diálogo e cenas mais calmas, por isso que eu acho que tem gente que acha cansativo mas pra mim é bom assim mesmo. O Pantera Negra é um rei e tem um monte de mulher no reino", detalha para a equipe.
Sentadas na mesa da Praça de Alimentação esperando o lanche chegar, as pequenas e simpáticas Ana Carolina Rodrigues, de 10 anos, Bianca Cristina, de 11, Ana Carolina Penha, de 9 e Elaine Evelin, de 12, ficaram animadas de conversar com a nossa equipe sobre o filme. "Eu até chorei", disparou Ana Rodrigues.
Todas ali disseram que choraram quando o personagem principal cai no oceano, como elas mesma explicaram. "Mas também tem umas partes muito engraçadas, que eu caí na gargalha", completou Bianca.
Antes de irem para o passeio, a professora da Comunidade explicou para os alunos um pouco sobre o que se tratava o filme. "Eu achei muito legal porque antes nunca tinha visto tanto negro que nem a gente na tela do cinema, e também nunca tinha visto um super horei com a mesma cor de pele que a nossa aqui", disse Ana Carolina.
A menina disse que se lembrava do Super Choque também, mas que ele nunca esteve no cinema. "Minha amiga tinha o cabelo igual o dele", pontua ela.
O melhor super heroi para elas agora passa a ser, claro, o Pantera Negra. "Mas eu gosto também do Deadpool e também tem a Supergirl, irmã do Super homem, eles são legais", comentou Elaine.