Festa “família” perde apoio, mas continua na raça com melhor saltenha da cidade
Quem já experimentou garante, a melhor saltenha de Campo Grande é servida sempre no segundo domingo do mês, na Praça da Bolívia, na Rua das Garças. É dia de um evento que completa 10 anos e cresceu de forma espontânea, mas sobrevive na raça, sem apoio público.
A única ajuda é o som, repassado pela prefeitura. Fora isso, tudo é na base da garra. “Mesmo com essas dificuldades de apoio, nós decidimos manter atividades, começando agora em fevereiro, na raça mesmo”, comenta a alma do projeto, Ingra Padilha.
A parceria importante vem dos grupos de músicos, bailarinos e artesãos, que colaboram com pequeno aporte financeiro.
Ângela Oliveira, de 60 anos, é uma das artesãs a montar a banca na Praça da Bolívia uma vez por mês. Há 3 anos é programa certo para a costureira que vende peças de uso pessoal, jogos americanos e variedades para a casa. “A gente teve períodos melhores, como a prefeitura repassando tendas e palco também. Hoje é na raça, tirando leite de pedra”, reclama.
Na avaliação dela, enquanto esse tipo de evento deveria ser incentivado, com a ocupação de outros espaços públicos, o caminho inverso preocupa. “Já defendemos, inclusive, um projeto itinerante, por outras praças da cidade, mas não adianta. Segundo Ângela, o público tem diminuído, por falta de conforto. “Não tem mais tenda e acaba todo mundo no sol. É lamentável”.
Como platéia, mas também artista da Dança do Ventre, Elizete Silveira, de 38 anos, já tem a praça como programa certo desde que os filhos de 15 e 17 anos eram crianças. “É uma festa super família. A gente fica tranquila. Eles podem brincar sem risco”, recomenda.
A programação é aberta. Quem chega pode se inscrever para a apresentação. Por isso, o espaço acaba reunindo gente muito bem disposta a colaborar com a cultura, sem receber nenhum centavo, e bem ao estilo da fronteira.
“Dançamos a cultura sul-mato-grossense, boliviana, gaúcha e também portuguesa”, explica Sebastião da Silva Bronze, de 55 anos. Ele é um exemplo de dedicação as manifestações culturais. Em casa, no bairro Tiradentes, mantém um galpão só para os ensaios do grupo projeção multicultural, criado por ele. “Tem coisas que dependem só da nossa dedicação”, comenta.