Gigante, mural da Tia Eva estampa lateral de prédio na 14 de Julho

Pouco mais de um mês depois da pintura ser iniciada durante o Festival Campão Cultural, a pintura gigantesca de Tia Eva foi concluída na Rua 14 de Julho. Idealizado e executado pelo artista Diego Mouro, o mural é mais uma herança deixada pelo evento realizado em outubro.

Com um desafio diferente do de Conceição, o mural de Tia Eva envolveu a criação imagética de uma personagem que não possuía registros fotográficos. Empenhado na transformação da Galeria São José, Diego Mouro precisou retornar para Campo Grande e finalizar o mural após o encerramento do festival, uma vez que problemas técnicos surgiram durante o desenvolvimento do trabalho.

Para conseguir fazer a pintura, Diego explica que a estrutura do “balanço”, plataforma em que os artistas permanecem nas alturas, demorou mais do que o previsto para ficar pronta.

“Tentamos nos entender com os períodos de chuva, até porque precisamos tomar cuidado com o balancinho. Começamos a trabalhar efetivamente no dia 12 [de outubro] porque tivemos problemas técnicos com o balanço. Acredito que como isso ainda não é tão comum por aqui, as empresas não estão acostumadas e fica mais difícil montar adequadamente para a gente trabalhar”, diz Diego.

Explicando sobre a criação de Tia Eva, o artista conta que poder criar um retrato para a personagem que é considerada uma das fundadoras de Campo Grande foi um processo especial.

Partindo de pesquisas sobre a vida, costumes e vestimentas, uma imagem da personagem passou a surgiu na mente de Diego. “É muito difícil trabalhar com um personagem que a única referência visual que temos é um busto. Quanto mais eu pesquisava, mais fui entendendo que estava muito relacionado ao que eu já fazia”.

Para quem, assim como Diego, ainda não se familiariza tanto com a história da mulher que dá nome a um dos bairros de Campo Grande, Tia Eva deixou Goiás após conseguir sua carta de alforria. Em 1905, sonhando em dar educação para suas filhas, ela veio para Mato Grosso do Sul criar um lar melhor.

Eva Maria de Jesus foi benzedeira, lavadeira, parteira, cozinheira e curandeira, deixando um legado para mais de 60 famílias na comunidade quilombola que leva seu nome até hoje.

Sobre as características que se apegou, o muralista conta que incluiu São Benedito no desenho, incluiu um traje branco e decidiu recriar também as luzes de fim de tarde de Campo Grande.

Essa luz muito forte me marcou bastante, então tentei representar isso porque gosto muito dessa relação de luz e sombra, diz Diego.

Ainda sobre a criação de Tia Eva, Diego comenta que com a produção do mural, Campo Grande ganha uma imagem visual de uma das mulheres mais importantes da Capital. “Quando falarem da Tia Eva vai existir um retrato, mesmo que não seja fiel 100% à pessoa existe um imaginário sobre ela”.

“Fiquei muito feliz quando fui pesquisar e conhecer mais a fundo sobre a Tia Eva, porque meu trabalho fala sobre isso, esse resgate da ancestralidade, essas belezas cotidianas. Estamos falando de uma benzedeira e para mim foi bonito poder olhar e pesquisar sobre o trabalho dela”, completa.

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