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Artes

Luta por artesanato é legado de Ambrósio que família não esquece

Para manter tradição viva, família segue lutando por espaço próprio para venda de produtos

Por Aletheya Alves | 13/01/2024 08:25
Ambrósio ao lado de Júlia em antiga loja de artesanato. (Foto: Arquivo Pessoal)
Ambrósio ao lado de Júlia em antiga loja de artesanato. (Foto: Arquivo Pessoal)

Fotografias antigas mostram Ambrósio Goes ao lado da família comercializando os artesanatos que tanto se orgulhava e, após ter partido há 11 anos, o que ficou foi seu legado de luta. Hoje, sem local fixo para manter a tradição indígena viva em Bonito, Julia e Dulce Goes contam que a batalha é para continuar honrando os ensinamentos do patriarca.

Até fevereiro, a família conseguiu um espaço na praça principal de Bonito através da Prefeitura, mas após esse período o futuro é incerto. Contando sobre a história construída ao lado do pai, Ambrósio, Dulce explica que o indígena kinikinau era um dos grandes artesãos na região.

“Quando meu pai era vivo, a gente tinha uma loja. Ele fazia os artesanatos e vendia, mas quando faleceu, a gente deixou de ter um lugar específico para expor e ficamos vendendo só em casa”, narra a filha.

Orgulhosa das memórias, a viúva, Júlia, conta que ela já sabia criar peças devido ao contato com os ensinamentos deixados pelos antepassados, mas foi com Ambrósio que se aprofundou ainda mais. “Continuei aprendendo, mas quando ele faleceu eu tive que parar porque estava sozinha com meus filhos. Agora, bastante tempo depois, surgiu a oportunidade da loja na praça e voltamos”.

Entre os itens produzidos estão as cestarias, colares de semente, filtro dos sonhos e trabalhos indígenas em geral. “Eu quero passar o conhecimento para meus filhos, netos e bisnetos que vêm vindo. Não quero que isso acabe, quero que continue”, desabafa Julia.

Novo espaço é temporário e fica localizado na praça central de Bonito. (Foto: Arquivo Pessoal)
Novo espaço é temporário e fica localizado na praça central de Bonito. (Foto: Arquivo Pessoal)
Espaço é conquista tanto para família quanto para lideranças e turistas. (Foto: Arquivo Pessoal)
Espaço é conquista tanto para família quanto para lideranças e turistas. (Foto: Arquivo Pessoal)

Explicando melhor sobre a situação, Dulce comenta que integra um pequeno grupo de cinco pessoas que tem lutado para conseguir um espaço destinado aos povos indígenas na cidade.

“Nós queremos um lugar fixo para expor nosso artesanato, então vamos correr atrás. Queremos mais indígenas junto com a gente nesse trabalho que não é só para nós, mas também para outras pessoas de outras etnias que não têm espaço próprio”, detalha a filha.

Em relação à importância do trabalho artesanal para si, Dulce comenta que sua etnia não possui uma aldeia própria e, assim como a luta pela terra, a batalha pelas tradições continua.

Destacando o cuidado com a natureza, a artesã também defende que essa relação precisa ser destacada cada vez mais. “Nós preservamos muito a natureza, pegamos apenas o que vamos usar e queremos conscientizar outras pessoas também”.

“A Prefeitura cedeu as casinhas na praça para expormos o artesanato até depois do Carnaval, mas vamos continuar correndo atrás de uma solução definitiva”, diz Dulce.

Para quem quiser conhecer o espaço, a loja está sendo aberta de segunda até domingo, das 18h às 22h.

Confira a galeria de imagens:

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