Nas mãos de Thalya, lixo descartado ganha vida como obra de arte
Com muita cor, artista retrata nas obras sentimentos e aspirações
É a partir do lixo que alguém descartou que a artista-plástica, Thalya Palhares, 24 anos, cria obras coloridas e surrealistas. Nas mãos da jovem, portas, tábuas de madeira, CDs arranhados se transformam e recebem uma oportunidade de voltarem a ter utilidade. O projeto artístico, que começou na pandemia, é uma forma que ela encontrou de expressar os próprios sentimentos.
A Thalya já apareceu ano passado no Lado B, onde contou sobre as ilustrações, esculturas e estudos de tatuagens inspiradas no poder feminino.
Sobre a atual iniciativa, ela conta que aproveita de tudo na hora de compor as obras. Nada é dispensado e tudo é visto como um objeto em potencial. “Às vezes, tô andando, vejo um lixo e pego para dar outra cara. As pessoas veem como algo que não funciona mais, porém eu acredito que todo material tem uma segunda chance, uma ideia e criatividade”, explica.
E com o olhar atento e inspirador da Thalya, peças deterioradas, plásticos, fios, discos de vinil e até cascas de lápis ganham vida. Rosa, verde, laranja, azul, branco, amarelo, roxo e vermelho são os tons vibrantes que a artista utiliza na hora de pintar os materiais.
As criações multicoloridas expõem os sentimentos e ideias da jovem. O processo de criação, de acordo com ela, é sinônimo de liberdade. No fim, cada obra exprime um pouquinho de quem a Thalya realmente é. “Essas obras são particulares, coisas relacionadas a mim e como estou. Todos os meus trabalhos têm um pouco de mim. É algo libertador que me tira desse mundo, faz me sentir melhor e ver a vida de outra maneira”, afirma.
Apesar das sensações positivas, Thalya confessa que nem sempre as criações refletem algo alegre. Por isso, as cores são essenciais na hora de ressignificar os sentimentos mais negativos. “Sempre tento trazer muita cor, porque, às vezes, o sentimento que tá ali não é bom, é triste. É algo relacionado à depressão, à ansiedade e tento transformar isso em algo colorido”, diz.
Em uma das obras, que é para a artista a mais significativa, uma robô com fios saindo do coração representa a restauração do ser e do sentir. “É como se ela restaurasse todos os sentimentos dela. Os fios representam cabos de energia e ela está cortando eles para se restaurar. Às vezes, a gente carrega essas coisas dentro de si e seria mais fácil se conseguíssemos fazer igual”, expõe.
O quadro mais recente aborda a questão do processo criativo. O desejo que a artista carrega de querer criar, mas, às vezes, não conseguir pôr em prática. Na obra, raspas de lápis e componentes que fazem referência a olhos foram utilizados.
Sonhos - Como cada trabalho leva meses para ser produzido, o acervo atual da Thalya conta com 10 obras. Aos poucos, ela vai juntando os materiais e os transformando, testando as tintas e dando “outra cara” para eles.
O desejo do coração da artista é produzir cada vez mais e um dia expor as obras para o público. “Meu grande sonho é expor e eu estou fazendo uma grande coleção. Gosto de ver tudo que está parado e não tem vida se tornando arte, ganhando cor”, finaliza.
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