Resistir e avançar na periferia é meta de quem briga com poesia no Slam Campão
Em festa, o grupo completou 1 ano de apresentação em praças e ruas da Capital.
"Slam Campão, foco na missão" é o grito em alto e bom som do movimento que briga com poesia de rua e completa 1 ano em Campo Grande. Na noite de ontem (23), o aniversário teve festa e final do concurso que une crianças, jovens e adultos. A voz dos poetas tomou conta do Brava.
Pois é por ali que os poetas que por vezes são reprimidos nas praças e ruas, se sentem livres para falar recitar, curtir e fazer da união a força de quem está a cada dia crescendo e levantando o poder da poesia falada para fazer críticas sociais.
Teatro, dança e muita poesia marcaram a noite que vai ficar na história do Slam em Campo Grande. Conforto não é muito a praia das pessoas que foram apreciar a noite. Sentadas no chão, as pessoas se animar ao ouvir e ver as apresentações.
“Vim pela primeira vez, já sabia do movimento, mas não tinha visto de perto. É maravilhoso, esse “rolê” a partir de agora passa a fazer parte de meu cotidiano, me senti muito bem e admirei a forma com que todos aqui tratam arte e poesia”, avalia Davi Cristaldo, de 18 anos.
A meta das batalhas com poesias no segundo ano de resistência é ganhar público agora nas escolas da periferia.
"O projeto é iniciar o Slam inter escolar, para que a arte da poesia de rua chegue aos alunos das escolas públicas, nós que já estivemos na Escola Estadual, Professor Severino Queiroz, vamos promover nosso movimento e assim fazer com que seja cada vez mais conhecido”, ressalta Thales Henrique, membro da organização.
Outro organizador do movimento, Rodrigo Camargo é morador do Nova Lima e diz que tudo surgiu de uma viagem a São Paulo, onde viu as batalhas em bares, ruas e terminais de ônibus. Em Campo Grande, apesar da juventude incorporar esse tipo de expressão, o poder público não tem colaborado.
“Aqui fui ameaçado várias vezes por defender nosso movimento, mas agora que sabemos que não precisamos de oficio para tomar praças e locais públicos, vamos avançar e fazer nossa arte crescer e mostrar que arte se faz com resistência e, principalmente, resiliência”, afirma Rodrigo.
Durante a noite, o microfone sempre fica livre nos eventos do Slam. Além da competição, quem quiser recitar pode ficar à vontade, os temas pouco importam. A maioria dos poetas declama frases de criticas ao sistema e falta de compromisso do poder público com a arte e cultura. Eles também defendem o livre pensamento, pois cada um vive, faz, fala e curti da maneira que achar correto.
“Somos perseguidos o tempo todo, já fomos insultados quando estávamos agindo no nosso movimento. Uma das vezes um agente de segurança chegou apontar uma arma pra tentar me intimidar e fazer parar de recitar, só porque estávamos na Praça do Rádio que é um espaço público”, reclama Rodrigo Camargo.
Em um espaço de cerca de 70 metros quadrados, mais de 200 pessoas aplaudiam a arte de rua que resiste a repressão e fomenta a liberta. O espaço decorado para as apresentações se tornou palco de muitas histórias reais que se transformaram em poemas.
Todos podem participar, inclusive, como era final de competição, os jurados eram escolhidos ali mesmo em meio ao público. O detalhe é que entre os competidores não há rixa e ao final todos se abraçam demonstrando que a união é o pilar do grupo.
Quem quiser acompanhar a programação do Slam Campão, pode seguir a página do grupo no Facebook.