Susylene passou 26 anos estudando para trazer poeta de volta 'à vida'
Professora conta que Lobivar caiu no esquecimento após morte precoce, sem conseguir publicar muitos textos
Há 26 anos, a professora Susylene Dias de Araujo começou a pesquisar sobre Lobivar Matos, um poeta sul-mato-grossense que foi sendo esquecido devido à sua morte precoce. Com o tempo, a busca por reunir textos que ficaram “perdidos” se transformou em uma missão de vida.
Contando melhor sobre a história, a professora explica que começou a pesquisa durante seu mestrado em Letras pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Depois, seguiu no doutorado e, no caminho, encontrou um conjunto de contos inéditos.
O título provisório era “Cacos de Vida”, algo nunca publicado devido ao seu falecimento aos 32 anos. Esses textos e outros, agora, fazem parte da obra reunida por Susylene e que foi lançada neste sábado (22).
“Essa obra ficou perdida, e eu consegui ter acesso por intermédio do saudoso professor José Pereira Lins, de Dourados, um guardião da obra do poeta por longos anos. Trazer a público esses textos, que merecem ser lidos e apreciados, significa dar a Lobivar Matos o seu merecido lugar na poética modernista, além de posicioná-lo como um importante contista brasileiro. Espero que as pessoas possam apoiar lendo, que os professores levem para as escolas, que surjam novas oportunidades de pesquisa”.
Para quem não conhece sobre Lobivar, o escritor nasceu em Corumbá e chegou a publicar duas vezes. Primeiro, foi o Arêotorare, em 1935, depois Sarobá, em 1936. Quando tinha 18 anos, o autor morava no Rio de Janeiro para cursar Direito e tentou se integrar ao modernismo da segunda geração.
Dentro dessa fase estão autores como Rachel de Queiroz e Graciliano Ramos. Além disso, Lobivar foi próximo de Manoel de Barros, apresentado em um artigo de jornal como um “grande poeta que estava por vir”.
De acordo com Susylene, Lobivar era dedicado a defender as pessoas menos favorecidas e tratava das mazelas sociais. E, entre seus assuntos tratados, estavam os desafios da fronteira, festas de santos e de peão, ruas de Corumbá e os indígenas, principalmente os bororo.
“Eu considero Lobivar um poeta universal, mas ele é também alguém que não descarta suas raízes, por isso nós aqui do Estado vamos ler com muito mais carinho, se reconhecendo também nesses escritos”, completa.
E, para quem se interessar pela obra, o livro “Lobivar Matos: Obra Reunida” está disponível na Amazon e pela Editora Life.
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