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Comportamento

A música morava no coração de Adilvo, que regia coral até na varanda de casa

Além de músico, Adilvo Mazzini era escritor e tinha três livros publicados. Ele partiu neste mês após um AVC.

Thailla Torres | 17/12/2019 06:45
Adilvo Mazzini, que tinha o dom para a arte e a caridade, e popularizou na região o encontro de corais que ocorreu durante anos.
Adilvo Mazzini, que tinha o dom para a arte e a caridade, e popularizou na região o encontro de corais que ocorreu durante anos.

No coração dos filhos a música admirada pelo pai ainda toca e os passos seguem em consonância com o talento dele como maestro. No dia 5 de dezembro, familiares, amigos e a cidade de Dourados se despediram do maestro Adilvo Mazzini, que tinha o dom para a arte e a caridade, e popularizou na região o encontro de corais que ocorreu durante anos.

A cultura douradense teve uma participação colaborativa dele. Tanto na música quando na luta dele em favor da cultura. Adilvo era um homem que, segundo os filhos, não aceitava que ninguém desmerecesse a arte e não permitia que cidade vivesse sem ela.

“Boa parte do que Dourados tem hoje nesse sentido, se deve aos anos de luta e esforços dele para conseguir colocar a cidade no mapa cultural do país. Ele nunca mediu esforços, tanto físicos quanto financeiros e pessoais para fazer algo a mais pela arte na cidade”, conta o filho, Adilson Mazzini.

Aprendeu a respirar música no seminário.
Aprendeu a respirar música no seminário.
Se tornou parte da transformação cultural de Dourados.
Se tornou parte da transformação cultural de Dourados.

Lembra a filha, a funcionária pública Cristiane Rocha, que o amor à música não só se destacava no trabalho. Estava dentro de casa, como revelam as últimas fotografias do aniversário do pai na varanda, em que ele aparece cantando e regendo com os amigos. “Ele falava muito da música dentro de casa, ele respirava música todos os dias. Eu cantei dos meus 3 anos até os meus 30 anos, sempre com apoio incondicional dele. Acho que não sei como seria nossa história de vida sem a música, não vejo nossa família distante dela”, diz Cristiane.

Natural de Rio do Sul (SC), onde morou até 1966, Adilvo mudou-se para Rio Brilhante a convite de um amigo para lecionar educação física e línguas num seminário. Também cursou letras na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Aprendeu a respirar música na juventude. Além de maestro, tocava vários instrumentos como violão, violino e trompete, e compunha arranjos e letras.

Se tornou parte da transformação cultural de Dourados como um dos fundadores do Centro Cultural Guaraoby e dirigiu a Funced (Fundação Cultural e de Esportes de Dourados).

Por longos anos, fez parte do grupo Regentes Corais da Funarte e foi coordenador local nos projetos Vila lobos (canto Coral), Rede Nacional da Música (música Erudita) e Pixinguinha (música popular).

Seu último aniversário, com direito a coral na varanda de casa.
Seu último aniversário, com direito a coral na varanda de casa.

Também fez parte da equipe que implantou o encontro de Corais Dourados, que teve sua última edição há quatro anos. “Era algo que ele gostava muito e desejava que continuasse”, lembra a filha. Foi fundador e regente do Coral Santa Cecília, foi ainda regente de outros Corais, como os das cidades de Caarapó e Rio Brilhante.

Nos últimos anos, Adilvo escrevia muito. Inclusive, após a morte, a família tem se emocionado ao encontrar textos e livros prontos para publicação. “Aos poucos, mexendo nas coisas dele, estamos encontrando conteúdos prontos para publicar. São textos que provam como ele fazia tudo com amor e sempre pensando no melhor”.

Dono de poesias e textos, Adilvo também tinha o dom de escrever para as pessoas que amava, inclusive, para um dos irmãos com quem trocava e-mail todos os dias. “Ele trocava pelo menos dois a três e-mails por dia. Eles contavam sobre o dia deles e como estava a vida. E ainda ficava chateado se alguém não o respondesse”.

Como escritor, lançou três obras: “A Voz da Montanha”, um livro de contos sobre onde nasceu; “Retalhos de Mim”, de poesias; e “Banco na Varanda”, coletânea de cartas que trocou com uma amiga.

A falar da despedida, a filha se emociona. “Ele vai fazer muita falta. Sua generosidade, seu carinho, seu talento para música, tudo isso vai fazer falta para muitas pessoas”.

Adilvo partiu no dia 5 dezembro, aos 76 nos, vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Deixou esposa, dois filhos e uma neta.

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