Aos 8 anos, Talita chorou de verdade em campanha contra covid
Com oito anos, a menina mostrou que entende da covid-19 mais do que muito adulto.
Com apenas oito anos, Talita já entende os perigos e as dores trazidas pela covid-19 ao longo de um ano de pandemia, que ainda persiste. Ao ser chamada para participar da campanha contra o coronavírus, promovida pela Prefeitura de Campo Grande e veiculada no dia 15 de março, a menina atuou como gente grande e mostrou que criança muitas vezes entende mais sobre a doença do que adultos que saem sem máscara e se aglomeram por aí.
O convite para o comercial veio a pedido da professora Lígia Prieto, que acompanha Talita. A menina teria que conseguir transmitir as emoções difíceis da perda de um familiar, através do choro.
Esse processo de atuação, ainda mais por alguém tão novo, requer muita sensibilidade. Porém, Talita mostrou que tinha não apenas a capacidade artística, como também a percepção sobre a doença.
“Ela foi escolhida e antes de gravar, fez uma sessão de fotos de uma hora enquanto gravavam a cena do churrasco. Em 40 minutos, ela começou a chorar e todos aplaudiram, o cinegrafista se emocionou muito, e ela ficou muito feliz por ter conseguido gravar a cena”, conta a mãe de Talita, a bióloga Thais Farias.
Confira o vídeo da campanha:
Durante as gravações da campanha, os atores estavam fazendo um churrasco fictício para mostrar os perigos da aglomeração em meio à pandemia e Talita estranhou a cena. “Ela me perguntou diversas vezes porque as pessoas estavam se abraçando e fazendo festa, e disse que pegariam coronavírus dessa forma”.
Sobre as pessoas que realmente se aglomeram durante o período de isolamento social que estamos passando, a própria Talita, de oito anos, me dá uma entrevista sobre o assunto. "Eu penso: 'Meu Deus, por que elas estão fazendo isso?! Elas vão pegar Covid, eu me sinto impressionada, entendeu?'".
Com o olhar de criança preocupada, Talita me diz que tem medo da pandemia. "As pessoas podem morrer e eu tenho medo disso".
Thais acredita que hoje, depois da participação na campanha, Talita entenda mais sobre perdas. “Acho que ela compreendeu melhor que a doença pode levar à morte. Era um assunto que não tínhamos tratado muito abertamente ainda”.
A mãe relata que a menina faz aulas de teatro há mais de quatro anos. “Ela já fez apresentações em grupo e também individuais. Em 2020, foi a única aula que ela não quis desistir de fazer on-line”. A mãe conta que o sonho da menina não é ser atriz. “Quando você pergunta pra ela se o sonho dela quando crescer é ser atriz, ela diz que não, porque ela já é atriz!”.
“Como sou bióloga e ela é bastante curiosa, conversamos muito sobre a doença, sobre o vírus, prevenção, transmissão e medidas de biossegurança”. A própria Thais trabalha dentro do Hospital Universitário e foi parte do estudo de testes da vacina Coronavac aqui em Campo Grande. “Participei do grupo placebo e fui vacinada em janeiro”.
Talita, sua irmã Lívia, de cinco anos, e o pai das crianças tiveram Covid-19 em setembro. Thais, por outro lado, deu negativo. Hoje, vacinada, ela apresentou a doença recentemente, o que causou preocupação em sua filha. “Talita ficou bem chateada quando soube que meu teste tinha dado positivo. Ela chorou bastante porque entendeu o que significava o isolamento”.
Apesar de já ter sido vacinada, Thais também ficou com medo, mas não teve além de sintomas leves da doença. “A Covid-19 ainda é uma incógnita, mas com a imunidade que a vacina proporciona, praticamente não tive sintomas”.
A participação no comercial foi algo que, apesar da pouca idade, Talita já vai levar para a vida. “Quando ela assistiu a cena inteira, veio correndo me contar e disse que queria fazer isso a vida toda. O sonho dela era aparecer na TV, e apesar de ser um comercial pesado e triste, foram os cinco segundos mais felizes da vida dela”.
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