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Comportamento

Após 42 anos, Tatiana reencontrou família que deixou em MS

A trabalhadora rural foi embora com dois meses, e cresceu com a esperança de reencontrar a família paterna

Por Idaicy Solano | 28/11/2024 06:55
Tatiana conheceu família do pai, após passar anos sonhando com este momento (Foto: Arquivo Pessoal)
Tatiana conheceu família do pai, após passar anos sonhando com este momento (Foto: Arquivo Pessoal)

Por 42 anos, a trabalhadora rural Tatiana Pereira de Souza sonhou em poder abraçar o pai, que ela só conheceu através de uma fotografia, e recuperar o contato com a família paterna. Este ano, a espera terminou, mas de uma maneira diferente daquela que ela havia idealizado ao longo de todos esses anos.

Tatiana deixou Campo Grande com a mãe, os irmãos e os avós maternos quando tinha apenas dois meses de idade. Tudo que ela sabe é que, na época, seus avós estavam de mudança para Juazeiro do Norte, no Ceará, e a decisão de deixar a cidade partiu de seu avô.

Infelizmente, a fotografia antiga foi o mais perto que Tatiana conseguiu chegar de “ver” o pai, pois, quando conseguiu contato com a família dele, recebeu a notícia de que o genitor havia falecido antes de ela conseguir localizá-los.

“Ele [avô materno] falava pra nós que minha mãe brigava muito com meu pai, e ele achou melhor tirar a gente daqui, porque minha mãe era muito nova também e ele não queria deixar a gente aqui”, explica Tatiana.

Conforme relata a trabalhadora rural, a avó era a única da família que fazia questão de falar sobre o pai de Tatiana. Como, na época, não havia a facilidade das redes sociais, ela acabou perdendo totalmente o contato com a família paterna.

“A gente nunca teve notícia, porque meu avô não tinha endereço [do pai]; minha avó também não. Ela [a avó] tinha a foto do meu pai e do meu tio e falava o nome deles pra gente, falava que a gente tinha muito parente aqui”, recorda.

Dessa forma, ela seguiu sua vida, morou um tempo no Estado de São Paulo, onde casou e teve três filhos, e, após se separar do marido, voltou para o Ceará, mas nunca deixou de lado o sonho de reencontrar a família.

Sem se recordar com clareza do rosto do pai, tudo que Tatiana tinha era a foto antiga do genitor, que ganhou da avó materna. Foi através da imagem que ela conseguiu localizar os parentes, por meio de um post no Facebook.

“Nesse tempo, meu filho foi em 2017 me ver, e eu falei pra ele que tinha o sonho de conhecer meu pai. Aí ele deu a ideia de postar a foto no Facebook com o nome completo. Com poucos dias, a Malu viu e entrou em contato, dizendo que conhecia uma pessoa que achava que era parente minha. Aí conheci a Luzinete através da Malu, e começamos a conversar”, detalha.

Punica fotografia que Tatiana tem do pai, que possibilitou encontrar a família que deixou em Campo Grande (Foto: Arquivo Pessoal)
Punica fotografia que Tatiana tem do pai, que possibilitou encontrar a família que deixou em Campo Grande (Foto: Arquivo Pessoal)

A notícia inesperada do falecimento foi um baque para Tatiana, que manteve viva a esperança de abraçar o pai pela primeira vez durante anos, mas mesmo assim, não desistiu de vir para Campo Grande, e ter a oportunidade de conhecer o restante da família.

O encontro veio apenas sete anos depois do primeiro contato por telefone, este mês. Tatiana desembarcou na cidade no último sábado (23), e foi recebida por uma tia e uma prima. Ela descreve que o momento foi emocionante.

Ele pretende ficar em Campo Grande até dezembro, para ter tempo de reunir a família que ainda mora em Mato Grosso do Sul. Para ela, poder estar com a família paterna é como resgatar a memória do pai, e ter a chance de se sentir mais próxima dele.

“Eu tinha esperança, tinha fé [de poder abraçar o pai], pedia muito para Deus me ajudar, pois um dia queria conhecer minha família, conhecer meu pai. Infelizmente não foi possível [conhecer o pai], mas estou conhecendo minhas tias, meus primos, a família aqui é muito grande. Para mim é uma sensação ótima”, finaliza.

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