Às vezes é preciso desacelerar e descansar a alma dos sentimentos
Esses dias, li em algum lugar que às vezes precisamos desacelerar nossos passos e descansar a alma dos sentimentos. Parei! Pensei! Pulsei! Desacelerei...
Sempre defendi que devemos esgotar os sentimentos que temos, seja a felicidade ou a dor. Sempre acreditei que conhecer profundamente os sentimentos torna a pessoa mais sábia a lidar com eles. Ainda defendo e ainda acredito.
Mas, percebi que um sentimento também pode esgotar a gente. Ele pode pesar no coração. Embaçar a vista. Enfraquecer a mente. Adoecer o corpo. Afligir a alma. E hoje, resolvi, por pura necessidade de sobrevivência, amansar os passos. Parei. Precisava sentir o ar invadir os pulmões e oxigenar o cérebro. Precisava ouvir o silêncio. Chorei, confesso.
Era eu comigo mesma. Cara a cara com a minha própria história. Bati de frente com minhas escolhas. Tropecei em cheio nos retalhos que teciam o meu coração.
Tive que admitir. Era mesmo hora de parar. Os sentimentos já estavam remendados demais. E eu precisava dormir.
Meu corpo, acostumado à rotina puxada de trabalho e poucas horas de sono, até que ainda estava firme (nada do que umas doses a mais de café não ajudassem).
Mas precisava mesmo era descansar a alma. Dos sentimentos. Da loucura. Do medo. Da ânsia. Da euforia. Do comodismo. Da mágoa. Do arrependimento. De mim. Dos outros.
Pronto. Faxinei a alma.
*Mariana Lopes é jornalista e colaborado do Lado B.