Atropelada, boxer perde os movimentos e ganha campanha por adoção
Pandora tem um ano de idade e brinca como uma criança. Nem a dor dos dias em que ficou abandonada e sem socorro num terreno baldio, após um atropelamento, a deixaram menos dócil. Brincalhona, ela ainda não se acostumou à nova realidade, de que precisa de cadeira de rodas para se locomover e sai se arrastando para cheirar, lamber e receber carinho de quem por perto chegar.
No dia 23 de junho, ela foi resgatada de um matagal na região do bairro Nova Lima, em Campo Grande, passou por cirurgia e recebeu o diagnóstico de que nunca mais andaria pelas próprias patinhas. Desde então, segue internada na Clínica Veterinária “Clinvet”, na Capital, em busca de uma família que possa dar, além de amor e proteção, todo o cuidado que ela necessita.
“Ela é muito dócil, brincalhona, boazinha, uma bebezona. Já foi vermifugada, está com a cadeirinha pronta para a adoção”, descreve Natalia França Saraceni, de 27 anos. A jovem, assessora jurídica no Ministério Público, foi quem deu os primeiros carinhos à cadela.
No local onde Natalia trabalha, todo mundo sabe do apego que ela tem aos animais. A história trágica, mas que terá um final feliz, chegou até ela através da copeira do prédio. “A mãe da copeira que mora no Nova Lima e encontrou a cachorra jogada no mato. Ela tinha sido atropelada e se arrastava”, descreve Natalia.
Pandora tinha um lar, uma casa fixa, ração e uma dona, uma senhora que passou por cirurgia e esteve internada por um mês. Neste período, a boxer ficou sob os cuidados de um vizinho. Não se sabe ao certo o que aconteceu, até que o choro dela fosse ouvido.
“Parecia uma floresta onde ela estava, a mãe da funcionária que ouviu o choro. A cachorra estava desesperada por comida, água, até as feridas já tinham cicatrizado”, conta.
A dona saiu do hospital, mas sob cuidados da nora e por ser já de idade avançada, não pode arcar com a responsabilidade que a futura família terá de enfrentar com Pandora. “Levaram ela para a casa da dona, alimentaram. Até acharmos ela foram 30 dias”, acredita Natalia.
Para custear a internação, cirurgia e os gastos com a cadeira de rodas de Pandora, Natalia junto da ONG Vira Latas mobilizou uma campanha nas redes sociais e conseguiu arrecadar R$ 2 mil. Agora, Pandora está prestes a receber alta e precisa de um lar.
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“Vou levar ela para a minha casa no final de semana, mas não posso ficar. Trabalho em período integral e não queremos encaminhá-la para um abrigo. Ela vai precisar de atenção especial”, afirma a assessora.
Os cuidados serão desde o uso de fraldas, colocar a boxer deitadinha ou em pé e cuidar para que ela não caía com a cadeira. “Tem que ter alguém que realmente tenha possibilidade e estrutura para ficar com ela”, completa. Natalia já tem dois cães resgatados assim e que exigem cuidados especiais.
A veterinária Ana Lúcia Salviatto Andrade, de 43 anos, é a responsável pelo atendimento médico à cachorra. “Ela é uma santa, não vai dar muito trabalho, é só a questão da doença mesmo”, descreve.
Devido à lesão que a boxer teve na coluna, Pandora não voltará a andar e vai usar a cadeira de rodas para sempre. “Ela é limpinha, fácil de lidar, só precisa de um ligar onde o piso não seja áspero e uma pessoa com disponibilidade para manuseio de um animal cadeirante”, exemplifica.
A cirurgia realizada na cadela serviu apenas para aliviar a lesão na coluna e diminuir o desconforto diário de Pandora.
Para adotar a boxer, Natalia é criteriosa e os contatos devem ser feitos diretamente com ela pelo telefone: 9906-0608 ou então com a ONG Vira Latas através do telefone 9247-4636.