Casando em dia de jogo, cerimônia tem telão e lua de mel é na casa do adversário
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No sufoco entre Brasil e Chile, noivos que diriam “sim” durante o jogo anteciparam o casamento. A cerimônia que uniu o casal Camila e Felipe foi no último sábado, em uma chácara de Campo Grande. Marcado com dois meses de antecedência, nem a noiva, nem o noivo se lembraram da Copa do Mundo. Com a data se aproximando e o apelo dos convidados, o jeito foi espalhar telão e televisões junto à decoração e garantir aos torcedores que a troca de alianças terminaria antes do juiz apitar a partida.
De início o casamento estava marcado para meio-dia. Estava, da conjugação de um passado bem remoto. “Logo no começo da Copa uma amiga me lembrou. Tem jogo e se o Brasil ficar em primeiro do grupo, vai ser no mesmo dia”, conta a médica Camila Kern Gomes, de 26 anos. Dito e feito. “Quando confirmou, todo mundo veio falar comigo, pelo amor de Deus coloca telão”, acrescenta.
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A Copa do Mundo mudou todo ritual do casamento. A noiva adiantou a cerimônia, realizada por um juiz de paz, para às 11h e não pode nem se atrever a atrasar na entrada. “Eu estava pronta, uma madrinha que atrasou e todo mundo querendo que começasse logo, estava todo mundo louco para assistir”, lembra.
O “eu vos declaro marido e mulher” aconteceu pontualmente às 11h50, segundo a noiva. Houve ainda 10 minutos para que todos se acomodassem e não perdessem sequer a execução do hino nacional.
“A festa era para 80 pessoas, coloquei dois telões, um na hora de instalar não deu certo. Fiquei só com um e as televisões. Todo mundo queria assistir”, descreve.
A partida começou às 12h, ninguém previa que fosse dar prorrogação e que a decisão só saísse nos pênaltis. A medida então foi prorrogar também o início da festa até 15h. “A gente não podia começar com a música, porque foi para a prorrogação. Enquanto não acabou, não começou a festa”.
O detalhe está no registro de uma das convidadas que mostra exatamente o quanto os olhos estavam vidrados na telinha. Os amigos e demais familiares não queriam muito participar das fotos do casal. A torcida era geral e a ansiedade era por gols e não pela noiva jogar o buquê.
“Eu praticamente arrancava o pessoal para tirar foto”, brinca Camila. O marido Felipe Gomes, também médico de 27 anos, só pode ver os pênaltis. Nos minutos corridos da partida, o fotógrafo aproveitou a deixa para registrar imagens só do casal.
“Ele queria assistir o jogo, mas a gente tinha que recepcionar as pessoas. Então ele dava uma escapadinha e olhava” comenta a mulher. “Eu e o Felipe só começamos a assistir no pênaltis”, completa.
Os cumprimentos nas mesas dos convidados passou a trazer sorte. Volta e meia Camila ouvia “senta aqui noiva, que quando você sentou, deu certo”, fala sobre as cobranças chilenas que Júlio César prontamente atendeu.
Mesmo no sufoco, o Brasil ganhou e o clima de festa ficou até mais animado. Uma sorte para os noivos. “Se tivesse perdido, acho que ia ficar meio xoxo”, afirma.
O casal, por coincidência, viajou de lua de mel para o Chile. “A gente nem sabia de nada, primeiro escolheu a viagem e depois a data do casamento, mas aqui os chilenos são super simpáticos”, diz.