Depois de 33 anos, primos conseguem repetir foto na mureta da casa da avó
Os primeiros netos de dona Rita protagonizaram a cena que só se repetiu agora, 33 anos depois
Na mesma mureta, na mesma varanda e na mesma posição. São 33 anos que separam uma foto da outra entre os primos da família Mesquita e Silva. Depois de várias tentativas de repetir a pose com os netos de dona Rita, a administradora Talita Laporte conseguiu, quando todos os primos vieram passar as festas de fim de ano aqui.
"Eu sempre falava da gente refazer, porque é uma foto muito engraçada. O Fabiano, meu irmão, está com um bico imenso, eu ainda era bebê, outra prima está meio brava, porque estavam todos brincando e os adultos pediram para parar e tirar foto", conta. Hoje, Talita, a bebê sentada no colo da prima Vanessa, no centro da foto, tem 33 anos.
Na imagem, duas das primas - que são irmãs - moram fora de Campo Grande. A foto até era a despedida das duas, Vanessa e Weruska, que iam embora para Curitiba, onde já estavam os pais. O registro foi feito na mesma época de agora, no mês de dezembro.
"Este ano que calhou de todo mundo estar aqui, e a família toda passar o Natal na minha avó. Quando eu fiquei sabendo, a gente até montou um grupo de WhatsApp dos primos, porque esse ano ia ter que ter a foto", descreve Talita. No grupo, ela mandou a imagem "original", a de 33 anos atrás, que fica exibida na sala da casa da avó, junto com várias outras cenas da família no passado.
Tem mais de 50 anos que a dona da casa mora ali, no bairro Jardim Paulista. Foi naquele quintal que os netos da foto brincaram muito com as panelinhas de ferro de dona Rita e na mureta onde foi feito o registro. "A casa da minha avó para mim é aconchego. Essa é a palavra que mais se encaixa, se você perguntar para todos eles vão dizer isso, que ali é amor", poetiza.
Nordestina, dona Rita servia tapioca aos netos e ainda via os mais "arteiros" subirem no pé de manga do quintal. "Aquela casa representa bastante para a gente, para todos sem exceção, apesar de algumas terem ido para outro Estado, nós todos ficamos bastante tempo da infância por ali", acrescenta Talita.
Repetir a pose rendeu risos e muitas lembranças à família. "A gente cresceu junto, eu na verdade sou de uma geração um pouco mais nova, mas até hoje a gente tem uma amizade muito grande, apesar de algumas morarem longe, cultivamos muito essa amizade, esse laço", comenta Talita.
O retrato foi uma forma de marcar a saudade e mostrar que o amor continua o mesmo. Afinal, os primos são os primeiros grandes amigos que fazemos, ainda na infância.
Dez anos mais velha que a prima Talita, a professora Vanessa Mesquita Sandim, de 43 anos, é quem se recorda em detalhes do momento, à época ela tinha 11 anos. "O meu primo Fabiano estava com aquele bico, porque ele não queria que eu fosse embora. A gente era muito grudadinho e ele ficou muito triste", lembra Vanessa. As duas moraram o restante daquele ano na casa dos avós, porque os pais já tinham se mudado para Curitiba.
Na mesma medida em que os primos cresceram brincando, também havia muito "arranca-rabo". "Eu nasci primeiro, depois o Fábio que está do lado esquerdo. Durante uns três ou quatro anos fomos só nós dois, aí veio o Rodrigo, irmão do Fábio; a Weruska, minha irmã; o Fabiano e por último a Talita", relata. A família já está bem maior, mas ali se concentravam os primeiros netos.
"A gente brincava muito e brigava muito. Éramos muito unidos em todos os sentidos, do bem e do mal. De subir em árvore, de quebrar galho, foi uma infância bem boa", recorda Vanessa. O encontro dos primos com quem eles eram 33 anos atrás serviu também para ressaltar sentimentos. "Quando eu estou em Curitiba eu não sinto muito, mas quando venho para cá é muito forte a sensação de pertencer a alguma coisa. Lá é onde eu moro, mas aqui é o meu lar, toda a minha referência e fazer a foto foi muito legal neste sentido, me sinto pertencendo a um espaço", resume.
A matriarca da família não cabia em si. Além de ter todos os netos em casa, viu com os olhos de agora o quando a criançada cresceu em 33 anos. "Você nem imagina o tanto que eu gostei! Feliz feliz da vida, estavam todos aqui juntos, só faltou o que Deus já levou, mas o resto estava tudo aqui, de Curitiba, de São Paulo, de Uberlândia", diz Rita de Mesquita e Silva, de 92 anos. Orgulhosa do antes e depois, a avó diz que vai ter o maior prazer em fazer um novo porta-retrato para exibir os netos.