Entre flores e velas, saudade é um sentimento que nunca para de crescer
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Oficialmente, Dia de Finados. No coração, a data da saudade. O que fica de quem partiu foi a certeza de que o sentir a falta nunca para de crescer. Entre flores e velas, o Lado B foi até o cemitério Santo Amaro compartilhar do choro e das histórias que voltam à memória e ficam de alento.
Dona Chinita, da lavanderia Tupi, se foi em agosto de 2013 e desde então, para amenizar a dor da saudade, os quatro filhos vão ao cemitério em todas as datas comemorativas. "O que ficou dela? Toda a nossa criação, a nossa união e a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro dela, que no sorteio, ficou pra mim", conta a filha, Ivone Benitez de La Reguera, de 50 anos.
Do avô paraguaio, Lucas Evangelista, ficaram as polcas e chamamés. Há 24 anos, a partida calou o som do rádio que seu Lucas ligava todo sábado enquanto a neta limpava a casa. "Todo ano eu venho, é uma maneira de manter ele sempre vivo na vida da gente", explica a diarista Sandra Romero, de 43 anos.
Todo sábado, Sandra que não trabalhava fora neste dia, tinha a companhia do avô. "Ele colocava para tocar as músicas que gostava e eu limpava a casa rindo e brincando. Ele era assim, muito família, gostava de reunir sempre", completa.
Uma prece em dupla a saudade de quem nem chegou a conhecer o pai. Há 23 anos, Pedro morreu de infarto, deixando Eduardo, o filho ainda bebê, só com 26 dias. "O que eu sei dele? O que me falaram, que ele era uma pessoa muito extrovertida, que trabalhava muito. Para ter lembranças, eu queria ter passado mais tempo com ele", diz o vendedor Eduardo Vieira, de 23 anos.
Sem a convivência, as fotos contam como era o rosto do pai, e as pessoas, a voz dele. "É só o que os meus parentes me falam dele... Uma pessoa tranquila", completa.
E é ao lado do amigo, Patrick Pisano, que ele primeiro reza no túmulo do pai e depois comemora o aniversário. "Eu venho todos os anos, não moro mais aqui, mas venho para passar com ele", diz o amigo.
E no túmulo da mãe, cresceu a árvore que Dinoraide plantou, anos atrás. "Vai fazer 26 anos em março... Quando plantei era uma árvore tão bonita, que peguei um galhinho e trouxe. Deu flores brancas, lindas", recorda a senhorinha Dinoraide Siqueira, de 66 anos.
A mãe, dona Nice, morreu de leucemia. "E nova de tudo, 63 anos, mas não aguentou. Por que eu plantei? Não sei... Ficava vazio aqui, sozinho..." explica a filha.
Sobre o sentimento de hoje. Dona Dinoraide só tem a dizer: saudade. "Mãe é mãe. Você nunca vai substituir por outra. O que ficou dela em mim? Tudo. A gente nunca esquece, você acostuma que essa pessoa não está mais com você, mas esquecer, você não esquece".