Feliciano não se acha homofóbico, garante que tem apoio e se diz revolucionário
Durante passagem por Campo Grande, neste sábado (19), o deputado federal e pastor Marcos Feliciano, que realizou uma pregação aos fiéis da ADM (Assembleia de Deus Missões), no bairro Amambaí, na 23ª Escola Bíblica, dedicou 40 minutos do seu tempo para imprensa e, em entrevista coletiva, falou do seu posicionamento como cristão, se disse revolucionário e defensor da família conservadora. Aproveitou para rebater as críticas em torno de suas declarações e acabou criando, como sempre, ainda mais polêmica.
Ressaltou que não é homofóbico, garantiu que tem o apoio da maioria e afirmou que os gays querem viver a ditadura da minoria, e os “g0ys”, “héteros” que ficam com “héteros” (movimento que vem ganhando força no Brasil), estão profanando o evangelho.
Comentou sua recente entrevista a uma revista masculina, mas espera que seus fiéis não comprem a publicação, conhecida pelas fotos de mulheres peladas, porque estão “curados” e não necessitam disso. “Eles não precisam ler a revista para saber o que eu penso. Acho muito pouco provável que alguém tenha comprado, mas se compraram o caráter deles tem que ser trabalhado porque é um sinal de não estão do jeito que Jesus quer”, declarou.
Respondendo à primeira pergunta do Lado B, se imaginava sobre o que poderia ser questionado, levando em consideração que é, atualmente, uma das figuras mais polêmicas do Brasil, em destaque na mídia, Feliciano disse que nada mais lhe surpreende.
“Eu dei entrevista, na semana passada, na Playboy, durante oito horas. Então, o que você me perguntar, não vai me surpreender”, garantiu. À publicação, o pastor disse que já usou cocaína e afirmou que, quem faz sexo anal, não volta mais.
“Com certeza, tem homens que têm tara por ânus, sim. Eu não entendo muito dessa área porque nunca fiz, graças a Deus, e espero nunca fazer, porque parece que quem faz não volta mais [risos]. Deve ser uma coisa tão estranha...”, diz o texto.
Nas redes sociais, o posicionamento de Feliciano, especialmente sobre o sexo anal, virou piada. Alguns chegaram a dizer que a resposta do deputado demonstra uma vontade homossexual reprimida. Ele se defende.
“Essas declarações são preconceituosas. As pessoas que me acusam de homofobia eles praticam homofobia com eles mesmos. Quem leu a entrevista sabe que, nessa questão, eu falei de maneira jocosa, tanto é que a resposta termina com risadas. Foi, de fato uma brincadeira, porque a revista Playboy, quando pergunta uma coisa dessas, é só para desconcertar o entrevistado”, argumentou.
Marcos Feliciano não foi criticado só pela declaração, mas pelo fato de ter concedido entrevista a uma revista, que apesar dos outros espaços, tem como foco principal as fotos sensuais e, portanto, na interpretação de muita gente, deveria passar longe dos evangélicos que tanto pregam a moral e os bons costumes. Questionado, o deputado se disse “moderno”.
“Eu sou de vanguarda. Sou pastor, mas um cidadão do século XXI e, se existir um lugar que eu possa falar de Jesus, que nem que seja no inferno, eu falarei”, afirmou, ao completar o pensamento citando que a entrevista foi mais uma forma de evangelização porque teve a oportunidade de falar da própria história e contar testemunhos a um “público selecionado”. “Ser luz na luz não há mérito, mas há mérito em ser luz nas trevas”, filosofou.
Em outro momento, mas dentro do mesmo contexto, Marcos se intitulou revolucionário dentro da própria fé. “Fui o primeiro pastor a colocar uma pulseira, deixar o cavanhaque, pregar sem gravata. [...] Mudei minha aparência porque queria que os moços e moças vissem que é possível ser moderno sem ser mundano”, explicou. “É possível ser pra frente sem deixar Jesus para trás”, declarou.
"Não sou homofóbico -" Sobre as críticas que recebe, especialmente do público LGBT, Feliciano disse que é atacado por conta de sua ideologia, “que nunca vai mudar”, mas garante que não é homofóbico. Disse, inclusive, que tem amigos gays, que a esposa faz cabelo com homossexuais e que alguns, além de frequentar a casa dele, compactuam com suas ideias.
“Estou em um país democrático e é preciso haver o contraditório, só que o movimento gay não aceita o contraditório e sequer senta para discutir”, declarou, ao relembrar que, quando assumiu a Comissão de Direitos Humanos, chamou o deputado Jean Wyllys (PSOL), ativista gay, para um bate-papo, mas não houve acordo.
Nas palavras dele, o movimento gay no Brasil, além de sufocar quem vai contra, é apadrinhado não só pelo governo, mas por “instituições poderosíssimas”, como a ONU e a mídia, a quem joga boa parte da culpa daquilo que ele chama de retrocesso, rompimento da estrutura familiar e do próprio indivíduo.
“Quando entrei na política, achei que o problema era só a PL122 (projeto de lei que criminaliza a homofobia), mas quando fui vasculhar todos os projetos de Brasília, descobri mais de 1.100 mil que ferem a família como ela e a igreja como instituição. Comecei a me mover lá dentro e me mover de maneira rápida e brusca. Me tornei a pedra no sapato de alguns movimentos. Foi um pé no freio desse progressismo que eles pregam e que, na verdade, para mim, é um retrocesso”.
Feliciano se diz um “representante da grande maioria brasileira conservadora”. “Sou um pastor, prego o amor e contra o pecado. Meu livro de cabeceira é a bíblia e ela diz que o pecado faz a separação entre o homem e Deus”.