Jovem faz caminho diferente, deixa família e noivo pra cursar Medicina na Rússia
A lembrança mais antiga que Deborah Lucas Fildalgo tem do exercício da medicina é a sutura do queixo de um tio. Ela tinha 8 anos quando, depois de muita insistência, conseguiu acompanhar o trabalho de uma profissional em uma unidade de saúde. O interesse pela profissão, no entanto, surgiu antes. “Eu sempre falava que queria ser médica”, relembrou.
A jovem de 19 anos ainda não realizou o grande sonho, mas está a um passo de começar a lutar por ele. Na próxima segunda-feira (28), ela embarca para a Rússia, país onde deve passar os próximos 6 anos estudando na Universidade Médica de Kursk, centro acadêmico reconhecido pela Organização Mundial da Saúde. Está deixando noivo, família e amigos em nome de um objetivo maior.
Nascida e criada em Campo Grande, a estudante, que pretende se especializar em cirurgiã plástica, na França, nem chegou a cogitar uma formação na Argentina ou no Paraguai, como faz a maioria dos jovens que moram do lado de cá da fronteira.
Decidiu partir direto para a Rússia porque viu mais vantagem, uma delas é a liberdade de, após a formação, poder atuar como médica em todos os países que tem o inglês como língua oficial. “Se fosse estudar em Assunção, por exemplo, só posso trabalhar lá ou fazer o revalida para o Brasil”, explicou.
O fator custo-benefício também contou ponto. Enquanto em uma universidade particular de Campo Grande a acadêmica iria pagar R$ 6 mil só de mensalidade, no exterior o valor, somado à moradia e gastos pessoais, é de aproximadamente R$ 8 mil. “Compensa mais”, resumiu.
A oportunidade de ter acesso a um dos melhores sistemas educacionais de medicina, com turma de, no máximo, 12 alunos, também foi fator determinante. “Pelo que li eu gostei muito da forma de ensino, da didática e da faculdade. Ou você estuda ou estuda, senão fica para trás”, comentou.
O sonho, no entanto, já começa a custar caro. Apesar de a Aliança Russa, representante oficial das principais universidades russas no Brasil, estar divulgando a ida da jovem ao país, Deborah faz questão de ressaltar que não recebeu qualquer apoio e nem bolsa de estudo.
“Quem está patrocinando tudo é minha mãe porque, se depender da Dilma, eu estou morta”, ironizou, ao revelar que, até agora, só para a viagem e os trâmites burocráticos, a família já desembolsou R$ 20 mil.