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JULHO, SEGUNDA  22    CAMPO GRANDE 31º

Comportamento

Lojas de colchão proliferam pela cidade porque Campo Grande adora um divórcio

Thailla Torres | 29/08/2017 06:05
"Quando alguém separa, a primeira coisa que precisa é de um colchão novinho", diz o comerciante. (Foto: André Bittar)
"Quando alguém separa, a primeira coisa que precisa é de um colchão novinho", diz o comerciante. (Foto: André Bittar)

Com bom humor, Alessandro abre as portas do comércio da Avenida Afonso Pena quase esquina com 14 de Julho. Há 22 anos nunca mudou a fachada e nem os produtos. Desde que se entende por comerciante o universo dos colchões é que o faz a cabeça dele porque, apesar do abre e fecha de muito estabelecimento na cidade, colchão tem mercado promissor por aqui diante do número de separações, garante ele.

Com tanto divórcio na cidade, o que resta para o Alessandro Pereira dos Santos, de 42 anos, é ter estoque suficiente para entrega no dia. "Como é conhecida pela capital do divórcio, quando alguém separa, a primeira coisa que precisa é de um colchão novinho, por isso estou aqui até hoje", diz em tom de brincadeira.

Dados também comprovam o investimento de Alessandro. Campo Grande é o 2º lugar no Brasil com maior número de casamentos que chegam ao fim.  Segundo a última estatística divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), pelo menos 6.016 divórcios foram registrados em MS em 2015. E olha que a gente já esteve por muito tempo no topo desse ranking.

Irmãos gêmeos há 22 anos são donos de loja de colchão no centro. (Foto: André Bittar)
Irmãos gêmeos há 22 anos são donos de loja de colchão no centro. (Foto: André Bittar)

O comerciante coleciona histórias engraçadas quando o assunto é separação. "Não foi nem uma e nem só três vezes que vendi um colchão para um recém separado. Tem gente que chega aqui no desespero: preciso de um colchão pra hoje, minha esposa me colocou para fora de casa".

Alessandro já presenciou até disputa para ver quem ficaria com o colchão na hora de dividir os bens. "Eles vieram juntos para que eu olhasse no sistema e ver quanto tinha custado. Porque um não queria deixar o colchão para o outro, resolveram dividir o valor. Foi uma situação engraçada".

É preciso bom humor e preparo para entregar tudo no dia, porque cliente nenhum quer dormir no chão. "Geralmente nesses casos eu preciso entregar o colchão no mesmo dia. Tem gente que fala que nem tem onde dormir porque a esposa o colocou para fora de casa. Então, a gente está sempre preparado". 

Para Alessandro, o interesse pelo produto surgiu na juventude. Ele é de Andradina, no interior de São Paulo, mas chegou em Campo Grande aos 9 anos quando os pais se separaram. "Minha mãe ganhava só um salário mínimo e tinha que sustentar eu e meu irmão. Comecei a trabalhar bem cedo e meu primeiro emprego foi em uma loja de colchão".

Seu ofício era limpeza, mas pelo jeito simpático com os clientes, o patrão deixava Alessandro atender sempre no último intervalo. Era uma realização e o começo do próprio negócio. "Fiz amizade com muitos representantes e depois de 10 anos resolvi investir na minha própria loja, onde estou até hoje".

Sobre a tradição preservada por tanto tempo em uma cidade acostumada a ver tantas separações da noite para o dia, Alessandro ensina. "Quando escutei essa frase famosa, de que Campo Grande só tem loja de colchão e farmácia, doeu viu? Essa cidade tem muito mais que isso, mas se o meu comércio existe,  é porque também busco levar um conforto. Hoje em dia além de necessidade, colchão é saúde. Todo mundo merece chegar da correria e dormir bem", diz.

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