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Comportamento

Mané Caixinha é baú de histórias de um Santa Luzia “cheio de encrenca”

Moradores acham que Mané Caixinha merece estátua por ser memória viva das histórias do bairro

Jéssica Fernandes | 26/08/2021 06:20
Mané Caixinha garante que já viu de tudo no bairro. (Foto: Henrique Kawaminami)
Mané Caixinha garante que já viu de tudo no bairro. (Foto: Henrique Kawaminami)

Todo mundo conhece alguém que sabe de tudo no bairro, no Santa Luzia, quem quiser saber a história da região, deve ir até a Rua Santa André, 734. O endereço é onde está localizado o boteco do Mané Caixinha, o morador que já viu e ouviu de tudo.

Manoel Antônio de Oliveira, de 86 anos, conhecido pelos moradores como Mané Caixinha, assegura que a história do Bairro Santa Luzia é “cheia de rolo” e mais antiga que ele. O apelido, que ganhou na infância de um padre, pegou fama e virou referência para quem vive nas proximidades.

Natural do estado da Bahia, aos 18 anos, ele veio sozinho para Campo Grande, onde constituiu família e montou o próprio negócio. O Mané Caixinha garante que, desde 1974, está envolvido nos principais acontecimentos do Santa Luzia, período em que começou a morar no bairro.

Livro guarda uma parte da história do Santa Luzia. (Foto: Henrique Kawaminami)
Livro guarda uma parte da história do Santa Luzia. (Foto: Henrique Kawaminami)

De acordo com ele, os eventos marcantes são acompanhados por confusões. “O pessoal que morava na favela lavava as roupas, colocava no arame e um capataz passava por ali e derrubava tudo no chão. Era aquela encrenca, o pessoal vinha reclamar pra mim”, afirma.

Como presidente do bairro na gestão de 1988 a 1990, problema foi o que não faltou para resolver. Na época, ele ajudou a criar a linha de ônibus da Vila Marli e a Escola Municipal Professora Elizabel Maria Gomes Salles.

A última conquista é motivo de orgulho para ele. “Eu gosto muito da escola, ela foi invenção nossa, minha e da associação de moradores. Não tinha nenhuma aqui e as crianças sofriam muito”, relata.

Morador relembra algumas das confusões com humor. (Foto: Henrique Kawaminami)
Morador relembra algumas das confusões com humor. (Foto: Henrique Kawaminami)

Mesmo sendo querido no bairro, o dono do bar conta que já teve problemas com algumas pessoas. O episódio mais marcante aconteceu depois que Manoel pediu para o secretário de Justiça da época fechar um clube.

Segundo ele, toda semana os frequentadores do local brigavam entre si. “Tinha muito esfaqueamento ali entre os moleques e eu consegui fechar. Depois, o pessoal ficou bravo, falaram que iam me pegar, me dar uma surra, mas não conseguiram não”, lembra.

Pelas contribuições feitas para melhorar o bairro, Manoel acredita que merece ganhar uma estátua. “Durante muitos anos, eu trabalhei e lutei para as coisas funcionarem por aqui. Muitas pessoas ainda me agradecem e me procuram para reclamar das coisas”, conta.

Questionado sobre qual lugar do bairro ele acha que a estátua deveria ficar, ele responde sem ter dúvidas. “Teria que colocar na escola, porque eu gosto muito de lá”, finaliza.

Manoel sente orgulho das conquistas que trouxe para a região. (Foto: Henrique Kawaminami)
Manoel sente orgulho das conquistas que trouxe para a região. (Foto: Henrique Kawaminami)

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