Música escrita para o filho há 20 anos agora é tatuagem no braço do pai
São onze tatuagens importantes na vida de Gustavo, das iniciais do personagem de histórias em quadrinhos preferido, até o símbolo da família. Tudo que foi eternizado no corpo, tem um sentido. Mas uma delas se destaca. Dando a volta no antebraço, a frase tatuada é: "E ver-te crescer transformar-se em um homem feliz", palavras de um verso tirado da música feita pelo pai quando o filho ainda era um bebê.
As palavras acompanham um pássaro que deu sentido ao sonho de ver o menino crescer e voar pelo mundo, cheio de felicidade. A música já tem 20 anos, escrita quando o filho do professor Gustavo Espíndola de Oliveira, de 40 anos, nasceu. A alegria de ser pai colocou no papel algo que já estava no coração há tempos.
"Eu estava olhando ele no berço, lembrando de toda aquela emoção do nascimento. Naquela hora, comecei a escrever frases e veio a música na cabeça. Na verdade, já estava tudo aqui dentro de mim, uma mistura de sentimento e vontade de ver o meu filho feliz", conta.
A música ficou guardada por anos, até que em 2016 o pai decidiu homenagear o filho Ian, no aniversário de 20 anos. O rapaz não conhecia a canção e a surpresa veio com a letra no corpo.
Com jeitinho tímido, ele é de poucas palavras, mas não esconde o sorriso na hora de agradecer o carinho. "Eu me senti muito honrado, soube quando ele me mostrou a tatuagem e foi um gesto muito bonito", resume Ian.
Na pele de Gustavo também estão outras dez tatuagens com significados importantes e que marcaram cada etapa da vida.
Professor de Língua Portuguesa há 20 anos, a história da família tem uma ligação forte com a música. É parente de Tetê, Alzira, Celito, Geraldo e Jerry, os Espíndolas mais famosos desta parte do Brasil. Gustavo já teve bandas, cantou na noite campo-grandense e perdeu as contas de quantas músicas escreveu pelo caminho.
"Nasci nesse meio musical sempre acompanhando meus tios, então sempre foi um processo natural. Aprendi tocar violão sozinho, aos 12 anos e desde então, nunca parei. Mas sempre quis ser professor. Quando o meu pai ainda era vivo, ele queria que eu atuasse na área médica. Mas algumas coisas mudaram e eu acabei seguindo o meu caminho", conta.
Antes de um verso no braço, Gustavo tinha no ombro direito o desenho de um microfone vintage. Em outra parte do corpo, uma coroa de espinhos como homenagem à família Espíndola. Também as iniciais de Daredevil, o Demolidor da Marvel, personagem predileto das histórias em quadrinhos, além da frase em latim de Júlio César: "Veni, vidi, vici", simbolizando uma nova fase na vida profissional.
O sonho de ensinar sempre falou mais alto. Formado em Letras pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, é na sala de aula que se realiza e faz da música um recurso transformador na profissão e na vida dos alunos. "Tento associar as duas coisas. Hoje pego tópicos gramaticais e faço versões de pop e rock para os alunos. Foi a maneira que eu reestruturei e comecei uma nova fase na minha carreira", justifica.
Depois de tantos desenhos e a homenagem ao filho, Gustavo eternizou na pele o sentido do amor. Após oito meses de namoro, recentemente veio o noivado com Tamara Rezek e, é claro, eles decidiram comemorar um novo passo também de maneira diferente. "A gente não é um casal muito convencional. Escolhemos algo que fica para sempre e por isso também fizemos juntos uma tatuagem. Encontrei a pessoa certa, depois de tanto tempo", diz, mostrando a tatuagem com a frase "Forever Yours" (para sempre seu).