Ocimar trocou 6 vezes de empresa para não deixar de ser vigilante no mesmo lugar
Nos corredores do Ministério Público Federal não tem figura mais conhecida do que Ocimar Magalhães, de 50 anos. O entra e sai de servidores conta com a gentileza do vigilante que já passou metade da vida trabalhando no mesmo órgão. Mas para se manter no emprego durante tanto tempo, Ocimar foi esperto em mudar 6 vezes de empresa.
Isso porque a vigilância do órgão público é terceirizada e toda vez que um contrato é encerrado, Ocimar pede demissão da empresa atual e dá um jeitinho de ser admitido na nova empresa que vai oferecer a segurança no prédio.
Um personagem sério diante do uniforme, mas que não abre mão da gentileza a quem passa na portaria. Foi assim que ganhou admiração dos trabalhadores e acompanhou de perto o crescimento de muita gente.
Tímido, Ocimar é sucinto nas palavras. Mas explica a escolha de encarar a rotina no lugar. "Aqui mudei minha vida, tenho minha família e é o espaço que me sinto bem", diz.
Ele só começou a trabalhar como vigilante em 1990 quando chegou de Rondônia em busca de vida melhor. Trabalhou desde a infância em carvoarias de Bataiporã e depois foi para Rondônia ganhar dinheiro em cafezal. Mas o cansaço diante de um trabalho exaustivo fez Ocimar chegar a Campo Grande.
Na época, um amigo indicou o trabalho para ele que não pensou duas vezes em concorrer a vaga. Após um treinamento, finalmente, ele chegou no MPF. Lugar que coleciona histórias, muitas, de deixá-lo orgulhoso.
"Acompanhei muito estágio entrando aqui todo dia e hoje me cumprimenta como Procurador, isso me deixa muito feliz", conta. Ocimar sempre foi daqueles, que mesmo falando baixinho, gostava de ouvir e dar um conselho a quem pedisse. Já deu passe de ônibus para quem precisou e conseguiu desbancar muito engravatado que insistia na ignorância logo na entrada.
"Sempre tem gente que chega nervosa. Mas trato todo mundo com muito respeito. E isso acaba mudando um pouco as pessoas".
Ocimar também diz que já recebeu oportunidade de outras empresas, mas só vai largar o Ministério pela aposentadoria. "Se ninguém tirar, fico até quando Deus quiser ou me aposentar".
O lugar é tão especial que foi o primeiro canto onde o vigilante levou o filho quando nasceu. "Hoje ele já é um rapaz, mas quando saiu da maternidade, vim direto aqui mostrá-lo para todo mundo", lembra.
E para ser alguém que dá boas vindas como Ocimar, ele ensina que não tem muito segredo. "Só educação, um bom dia e saber que não importa a roupa, o cargo ou dinheiro de alguém, todo mundo é igual. Tem que ser tratado da mesma maneira".