Passada "nuvem negra" que trouxe o câncer, rosa tatuada no braço une 4 mulheres
Como homenagem ao que elas passaram, avó, filhas e neta tatuaram uma rosa no braço
Avó, filhas e neta. Três gerações que se encontram na rosa tatuada no braço. Passada a "nuvem negra" que trouxe à família o câncer de mama, uma cirurgia com risco de paralisia e o infarto do pai, tudo na mesma época, elas sentiram que era a hora de registrar a união, o carinho e a cumplicidade que floresceu regada pelas lágrimas.
Comerciante, Venilde Granjeira Botega, a avó, tem 67 anos, mas um sorriso e uma espontaneidade que lhe dariam bem menos. É ela quem puxa a explicação, sobre o porquê da tatuagem ser uma rosa.
"Combinamos. De imediato, tínhamos pensado em uma âncora que é muito forte, mas depois não. Ficou uma rosa que é símbolo de amizade, de flor, de carinho", explica. Não foi a primeira tatuagem dela não.
Depois que perdeu um cachorro, uma das pernas traz as patinhas do filhote que deixou tanta saudade. Das filhas e da neta, também não foi a primeira. Talvez por isso a coragem tenha brotado no quarteto com mais facilidade.
Aos olhos delas e de quem as encontra, a rosa conta uma história, a história das quatro mulheres da família Botega. "Passamos por maus bocados, uma nuvem negra passou pela família e de repente, depois que passou, não volta mais. Então a gente vai festejar com uma flor e aqui estamos, todas as quatro bem", ressalta dona Venilde.
Ivone foi uma das que mais sentiu na pele o que a "nuvem negra" trouxe consigo. Há oito anos teve câncer nas duas mamas, fez a retirada total delas e durante cinco anos passou pelo tratamento. A cura só veio depois da confirmação de exames, três anos atrás.
E antes desse ciclo se fechar, foi a filha, Izabela Botega, de 18 anos, quem também sofreu um grave problema de saúde. Uma cirurgia colocou 26 pinos em sua coluna. "Era um risco muito grande, coluna? Podia vir a paralisia. Foi uma lordose e escoliose, mas hoje ela está superada", comemora Ivone Maria Botega, de 49 anos.
E depois dos dois episódios, foi o pai quem se sentiu mal. "Começou com uma tontura, parecia labirintite, fomos no médico e de lá ele já foi direto para a UTI. Estava infartando. Só 30% da capacidade do coração estava funcionando e ele teve de por marca-passo", conta a outra filha, Ivonilde Botega da Fonseca, de 51 anos.
"A gente passou por fases difíceis, mas sempre fomos muito unidas. Brigas? Temos e muitas... Quebra-pau? Também", brinca Ivone e a mãe emenda "mas qual família que não briga? Desconfio que quem não briga, não se ama", brinca Venilde.
E no fim, a homenagem com a rosa é à elas mesmas. Pela força que tiveram de passar por tudo isso com sorriso, fé e leveza. "A gente decidiu fazer a tatuagem como homenagem sim", enfatiza Ivone.
Há três anos que a ideia já vinha sendo amadurecida, mas a falta de tempo e a correria deixava sempre o registro para depois. Até que no fim de outubro, elas ligaram para a tatuadora Nana Almeida e conseguiram concretizar o que era sonho. "Foi assim: Nana, tem horário hoje para nós quatro? E deu certo. Fomos naquele final de semana, todas nós", recorda Ivone sobre o sábado, dia 22 de outubro.
E o que representa a rosa de cada uma? "Uma lembrança da gente, união e também um sobrenome. Você não tem um? A gente tem o Botega, mas isso é como se fosse outro registro", enfatiza dona Venilde.
Izabela, ressalta ainda que é a união no braço e que o marco delas já inspira outras famílias. A amiga que foi tatuar junto com ela está quase fazendo uma também.
Ao encararem as rosas nos braços, o quarteto concorda com três definições: "é superação, igualdade e união", resume as mulheres Botega.
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