Santo Antônio nem casou, então, por que padroeiro tem tanto fiel solteiro?
Ele é padroeiro de Campo Grande pela devoção do fundador José Antônio Pereira, mas não há relação com amor
Conhecido em todo o Brasil como o único capaz de arranjar casamentos, Santo Antônio viveu a vida em celibato, porque muito jovem tornou-se frade. Não teve esposa, mas a igreja conta que ganhou a fama de casamenteiro porque teria atendido orações de várias mulheres em busca de marido ou de soluções para a relação.
A superstição parte de algumas lendas populares como de uma moça que precisava de dote para casar. Ela teria recebido de Santo Antônio um bilhete para entregar a um determinado comerciante, que lembrou-se de uma promessa que havia feito a Santo Antônio e não havia cumprido: dar 400 escudos de prata. A jovem recebeu a quantia e pode assim casar-se.
Em outro caso defendido pela igreja, uma senhora procurou Santo Antônio porque o marido ciumento não reconhecia o filho deles como seu. O marido ameaçava, inclusive, matar a mãe e a criança. O santo foi até a residência do casal, tomou o menino em seus braços e perguntou à criancinha: “Quem é seu pai?” E a criança, com seu dedo, indicou o pai era o homem presente.
O santo inspira até trezenas, treze noites de orações realizadas por inúmeros devotos, do dia 1º ao dia 13 de junho, principalmente, pela vontade de arrumar alguém.
Mas não foi qualquer história de amor que fez de Santo Antônio o padroeiro de Campo Grande. A história por trás deste título na cidade e revela uma profunda ligação com sua fundação.
De acordo com os relatos da igreja que leva seu nome, a devoção a Santo Antônio em Campo Grande está intrinsecamente ligada ao seu fundador, José Antônio Pereira. Há 141 anos, em 1872, Pereira, juntamente com uma pequena caravana, deixou Montes Claros, sua cidade natal em Minas Gerais, em busca de novas terras para cultivar e viver. Durante sua jornada ao sul do ainda Mato Grosso, a caravana enfrentou uma epidemia em Santana de Paranaíba, que foi combatida por Pereira, conhecido por suas habilidades farmacêuticas e homeopáticas.
É nesse contexto que a conexão com Santo Antônio se estabelece. Segundo os registros, Pereira fez um voto durante essa epidemia: se não perdesse nenhum de seus companheiros, construiria uma igreja em honra ao santo que já o acompanhava. Assim nasceu o primeiro nome da cidade: “Arraial de Santo Antônio”
A promessa foi cumprida quando Pereira estabeleceu-se na confluência dos córregos Prosa e Segredo, onde ergueu uma modesta capela de pau-a-pique em 1878. Anos depois, essa capela deu lugar à primeira paróquia da cidade em 1912, que foi posteriormente substituída por um templo maior, tornando-se a Matriz de Santo Antônio.
Hoje, a Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Abadia continua a ser um ponto focal da comunidade católica em Campo Grande, lembrando a promessa feita por seu fundador e a profunda devoção ao santo padroeiro que moldou a história e o caráter desta cidade. É ali onde todo dia 13 de junho uma fila se forma para pegar uma fatia do bolo do santo casamenteiro, produzido por voluntários.
Santo Antônio foi um estudioso dedicado e um pregador eloquente. Sua habilidade em pregar lhe rendeu o título de "Martelo dos Hereges", pois suas palavras eram capazes de converter até mesmo os mais obstinados não crentes. Ele viajou extensivamente pela Itália e pela França, pregando contra a heresia e promovendo a reforma espiritual.
Além de suas habilidades oratórias, Santo Antônio também é lembrado por 53 milagres. A maioria dos milagres dizia respeito a problemas de saúde, desde paralisias até curas de surdez, incluindo a fantástica história de uma menina que teria morrido afogada e voltado à vida.
Ele não é São Longuinho, mas também tem fama de encontrar objetos perdidos. Bispo possuía um anel de estimação, pediu ajuda a Santo Antônio e a joia desaparecida caiu no meio da mesa, à vista de todos, sem que ninguém soubesse explicar de onde veio.
Santo Antônio morreu jovem, aos 36 anos, em 13 de junho de 1231, na cidade italiana de Pádua, onde passou os últimos anos de sua vida. Ele foi canonizado apenas 11 meses após sua morte, um dos processos de canonização mais rápidos da história da Igreja Católica.
O problema é que até hoje o coitado sofre. Há tradições populares como colocar o santo de cabeça para baixo. E nem Jesus Cristo é poupado. Na imagem do santo, ele aparece segurando o menino, tirado dele pelas solteiras até que surja um marido.
A igreja acredita que o Menino Jesus apareceu ao santo para consolá-lo pelas fadigas sofridas em suas missões e pregações.
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