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Comportamento

Vida de Jéssica parou aos 26, mas esperança é curar doença no coração

Sem diagnóstico e acamada, ela busca por uma resposta, e sonha em voltar a andar e recuperar a autonomia

Por Idaicy Solano | 17/10/2024 07:33
Jovem luta para encontrar diganóstico, e então, a cura para doença no coração (Foto: Arquivo Pessoal)
Jovem luta para encontrar diganóstico, e então, a cura para doença no coração (Foto: Arquivo Pessoal)

Aos 26 anos de idade, Jessica Lara Lucas Anicete viu seu mundo virar de cabeça para baixo após adoecer gradativamente, vítima de uma doença no coração. No período de um ano, ela relata que passou de uma mulher ativa, trabalhadora, e animada, para um estado de dependência integral dos cuidados da mãe. Sem diagnóstico e acamada, hoje ela busca por uma resposta, sem perder a esperança de voltar a andar e recuperar a autonomia um dia.

Sem perspectiva de chegar a um diagnóstico, Jéssica precisou ouvir dos médicos que não havia mais recursos para tratar a doença em Campo Grande, e que precisaria ir para a cidade de São Paulo. Ela conseguiu custear a primeira viagem e a consulta com ajuda de funcionários do hospital, que fizeram uma vaquinha para pagar a viagem.

Lá, ela passou por uma consulta com um especialista em doenças cardíacas congênitas e transplantes de coração, e recebeu a notícia de que ela pode estar com um shunt  em algum lugar do corpo.

O termo é utilizado para descrever a condição de quando o sangue entra no leito arterial sistêmico sem passar pelas áreas ventiladas do pulmão, o que leva à redução da pressão arterial parcial de oxigênio. Basicamente, Jéssica descobriu que o sangue arterial e venoso estão se misturando e, por conta disso, sofre com frequentes quedas de saturação.

“De um ano pra cá minha vida parou. Se eu ando no máximo 10 passos, a saturação cai, eu sinto falta de ar, os batimentos sobem. São Paulo é a minha última esperança. É o meu último pontinho de luz no fim do túnel, de que talvez eu possa encontrar uma cura. Antes eu tinha sonho de viajar, me formar, conhecer outro país. Hoje não. Hoje o meu maior sonho é voltar à minha vida. Voltar a andar sozinha, ter minha independência, voltar a trabalhar, e voltar a viver de novo”, expressa.

Jéssica trabalhava como analista de orçamentos de logística em uma empresa de transportes na cidade de Três Lagoas, e precisou ser afastada no dia 22 de maio de 2023, por conta de uma pneumonia, apresentando sintomas de tosse, febre e falta de ar. Ela ficou internada por cerca de dez dias, fazendo uso de antibióticos, mas apesar de apresentar melhora no quadro de pneumonia, continuava com a saturação caindo ao ficar em pé.

Como não foi encontrada a causa em Três Lagoas, foi transferida para Dourados, onde permaneceu cinco dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Lá, ela foi submetida ao primeiro exame de cateterismo, que constatou que a paciente possuía um forame oval patente, ou seja, um furo dentro do coração

Por conta de seu quadro de saúde, Jéssica foi transferida novamente, dessa vez para Ribeirão Preto, em São Paulo, onde foi submetida a vários exames invasivos de eco transesofágico e cateterismo. Como a saturação continuava baixa, precisou passar pelos exames acordada.

Jéssica recebeu bastante carinho da equipe médica em Campo Grande (Foto: Arquivo Pessoal)
Jéssica recebeu bastante carinho da equipe médica em Campo Grande (Foto: Arquivo Pessoal)
Registro da primeira alta, quando os sintomas da doença começaram a aparecer (Foto: Arquivo Pessoal)
Registro da primeira alta, quando os sintomas da doença começaram a aparecer (Foto: Arquivo Pessoal)

Lá, os médicos fecharam o forame oval e ela conseguiu voltar a andar, com ajuda de fisioterapeutas, após 45 dias hospitalizada. Após receber alta, voltou para Mato Grosso do Sul e precisou se mudar para Campo Grande para ficar sob os cuidados dos pais, pois não podia andar nem fazer nenhum tipo de esforço.

Após passar algumas semanas desde o primeiro procedimento, Jéssica precisou voltar a ser hospitalizada, pois ao tentar andar sozinha com o auxílio de um andador, voltou sofrer com a queda da saturação.

“Voltamos à cidade de Ribeirão Preto para saber o que estava acontecendo. Eles falaram que era questão de se habituar com a prótese, que era questão de fazer fisioterapia. Comecei a fazer fisioterapia, passou mais ou menos uns 30 dias, e tive uma crise muito forte, a saturação caiu demais, uma dor de cabeça muito intensa. Precisei ser internada no Proncor de Campo Grande, onde eu fiquei por 40 dias”, relembra.

Aniversário de 26 anos foi comemorado no hospital (Foto: Arquivo Pessoal)
Aniversário de 26 anos foi comemorado no hospital (Foto: Arquivo Pessoal)

No Proncor, ela foi diagnosticada com estenose da veia cava. Basicamente, toda vez que ela se esforçava, a veia cava fechava, pois estava 70% estenosada. Ela passou por um procedimento para dilatar a veia, recebeu alta e voltou para casa. No momento da alta, a paciente foi alertada que a veia poderia voltar a estenosar, pois havia a necessidade de colocar um stent.

“Fiquei bem, voltei para casa, conseguia andar. Passou cerca de uns 45 dias, novamente, durante a fisioterapia, percebemos que a saturação estava caindo. Então voltei novamente ao hospital, mas estava mais tranquila porque já sabia o diagnóstico e estava no meio de pessoas muito queridas que acabei fazendo amizade com todo mundo lá dentro”, relata.

Mas os planos não saíram como Jéssica imaginou, pois um dia após seu aniversário, que foi comemorado no hospital, recebeu a notícia de que precisaria voltar a Ribeirão Preto para fazer a cirurgia para colocar o stent.

“Foi a pior coisa para mim naquele momento. Eu e minha mãe ficamos muito chateadas, chorei bastante, porque eu sabia que se eu fosse para lá, eu estaria longe das pessoas que me amavam em Campo Grande e também eu sabia que eles iriam me submeter a todos os exames invasivos e dolorosos novamente”, desabafa.

Piquenique surpresa que Jéssica ganhou da equipe do Proncor, em Campo Grande (Foto: Arquivo Pessoal)
Piquenique surpresa que Jéssica ganhou da equipe do Proncor, em Campo Grande (Foto: Arquivo Pessoal)

Após realizar a cirurgia e colocar o stent, Jéssica voltou para casa, e passou quatro meses bem, se recuperando, fazendo fisioterapia e acompanhamento médico, até que começou a se sentir mal novamente. Ela relata que sentiu a saturação cair, além de dores fortes no peito e ficar com as pernas roxas. No hospital, os exames apontaram alteração nos elétrons, e a equipe médica informou a paciente que não havia mais um diagnóstico preciso, e por isso, era aconselhável procurar uma resposta em São Paulo.

“Eles não sabiam explicar o que que estava acontecendo comigo. O médico falou, ‘Jéssica, você é um caso novo, é um caso raro. Em Campo Grande acabou o recurso pra você. A gente não sabe mais o que faz com você, a gente não tem mais um diagnóstico. Tudo que acontecer com você vai ser novo pra gente’”, relembra.

Por ora, ela e a mãe aguardam pelo retorno do médico na cidade de São Paulo. A família não tem condições de custear a estadia, os exames, e as eventuais despesas necessárias para cobrir a busca pelo diagnóstico de Jéssica e tratamento.

“Ele [o médico] me pediu um tempo para estudar os meus exames melhor, entrar em contato com os médicos de Ribeirão Preto, para que eles enviem os exames para ele, porque ele precisa estudar, porque é um caso raro e difícil. E ele já me adiantou que ele quer que eu faça um exame no Albert Einstein, mas que o valor é alto. Mas ele falou que somente com a tecnologia de lá pode descobrir o que eu tenho”, explica Jéssica.

Sempre com um sorriso no rosto, jovem mantém viva a esperança de curar a doença (Foto: Arquivo Pessoal)
Sempre com um sorriso no rosto, jovem mantém viva a esperança de curar a doença (Foto: Arquivo Pessoal)

Quem quiser, e puder contribuir com as despesas, a família aceita doações através do link.

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