Contra depressão, enfermeira achou em xícaras e pires uma terapia bem colorida
Quando o Lado B chegou, encontrou uma casa colorida, com mosaicos por toda a parte e muitas plantas. Um lugar tão alegre e com tanta alma de artista quanto quem vive lá. A artesã Arlete de Souza Leonardo, de 50 anos, nos recebeu com um sorriso enorme no rosto e um humor que contagia e transmite uma energia muito boa.
Logo de início já dava para perceber que ali existia uma história legal e um trabalho feito com muito amor em cada pedacinho de louça quebrado, colado e rejuntado.
Os calos nos dedos de Arlete são sinal da dedicação com os mosaicos. Existem varias técnicas, mas a preferida da artista é uma francesa que trabalha com louças. Nos trabalhos, ela utiliza muitas xícaras e pires que formam as imagens de galos, corujas e flores, como também placas com nomes e números.
Ela é enfermeira e trabalha meio período na profissão. O envolvimento com artesanato começou por uma indicação médica, para remediar o stress e combater a depressão. Arlete chegou a fazer crochê e tricô, mas foi no mosaico que se encontrou.
“Sempre gostei de artesanato, mas no mosaico encontrei uma atividade que combina comigo. E como eu gosto de reciclagem, consigo juntas as coisas, sempre que vejo uma caçamba eu já olho se não tem algo que sirva para os mosaicos”, conta.
A terapia que também é passatempo se tornou uma atividade rentável quando um amigo pediu a primeira peça. Ai ela resolveu colocar o trabalho no Facebook, e os clientes foram aparecendo, cada um com uma ideia diferente, e nesses oito anos já tiveram muitas peças que exigiram criatividade de Arlete.
Uma delas foi um trabalho feito para colocar na varanda de uma fazenda, com itens que faziam parte da história do lugar há anos. “Ela chegou aqui com o escovão, um estribo uma ferradura e disse que queria uma peça que usasse isso. Na hora eu pensei. “O que eu vou fazer com essas coisas?”, mas depois de muito trabalho o resultado ficou bem legal”, lembra.
O companheiro, que ajuda na hora do pesado de lixar e preparar as peças é o marido, Helio Sayana, é aposentado, faz trabalho voluntário e no tempo livre, ainda ajuda Arlete no Ateliê. “Eu só obedeço, ela manda e eu executo, a artista aqui é ela”, comenta, em tom de brincadeira .
As postagens nas redes sociais também ficam por conta dele. Ela resume o trabalho com mosaicos em três palavras, “Criatividade, treinamento e dom” e guarda com carinho as primeiras peças que fez, que não são as mais bonitas, mas são lembranças de onde tudo começou. “Essas eu não vendo por nada”.
No mais, quem pede a peça tem que gostar para ficar com ela. “A pessoa faz o pedido, eu faço como acho que é legal, se ela gostar ela leva, se não fica aí, sem compromisso, porque sei que uma hora alguém vai gostar e levar”, conta.
As peças vão de R$ 80,00 até R$ 700. Algumas levam até meses para ficarem prontas, dependendo do nível de detalhes. Com o lucro da peças, Arlete consegue custear as viagens para fazer cursos e aperfeiçoar as técnicas de mosaico.
Você pode conhecer os trabalhos da Arlete na fanpage Arlete Mosaicos .