Na volta pelo Centro, a saudade do doce “raiz” vem à tona
Ao rever doces espalhados nas lojinhas do Centro, nostalgia em também relembrar o gostinho da velha infância
Suspiro, pirulito de coração, doce de leite, balas de caramelo, pirulito de coração, bananada... Quem se lembra daqueles doces que marcaram a infância e hoje ficam na memória? Vendidos em lojas de embalagens e de artigos para festa, eles ainda existem! Que tal entrar nessa sessão nostalgia relembrando daquelas sobremesas que você comprava no mercadinho da esquina de casa junto com sua turma?
Por aqui não tem nada de Kinder Ovo, Ovomaltine, brigadeiro gourmet ou sobremesa de Leite Ninho. Os doces “raiz” eram aqueles que a gente reunia as moedas que juntava ou da mesada dos pais e comprava nos bolichos, botecos e mercearias pelos bairros. Às vezes, era até de trocado daquela cerveja que o pai pedia pra trazer pra casa.
Com a jornalista Gisllane Leite, de 45 anos, era exatamente assim. Era 1987 quando ela via a cidade crescer morando no centro de Campo Grande, mas ela só queria saber dos doces dos bares perto de casa.
A mãe de Gisllane era ferroviária e elas moraram em uma casa cedida pela RFFSA (Rede Ferroviária) ao lado do Hospital Marechal Rondon. “Eu morava na Rua Marechal Rondon. Minha infância foi muito na rua, porque eu era muito moleca, andava de bicicleta, e tinha uma turminha onde eu morava”, relembra.
Galera reunida no sábado à tarde, eles sempre compravam guloseimas e se reuniam para um piquenique com os docinhos que cada um levava. “A gente reunia as moedinhas, eu pedia para os meus pais, meus avós... pra comprar os doces”.
Canudinhos de doce de leite, todo o tipo de chocolate hidrogenado possível: bolas de futebol de chocolate, guarda-chuvinha de chocolate, moeda de chocolate... Era artificial, gorduroso, e mesmo assim a gente adorava. Gisllane lembra que compravam um monte, de encher os bolsos da molecada e sair feliz dos botecos.
“O meu doce preferido era aquele suspiro rosa, que vendia na frente de casa. Aquelas bananadas que vinham em um potinho, tipo casquinha de sorvete... nossa, aquilo vinha com uma colherzinha que eu amava!”, fala Gisllane, com muita nostalgia.
O tio do bar onde Gisllane comprava os doces deixava até as crianças pegarem fiado, o famoso “pago depois”. Os famosos bolichos eram lugares que atendiam todo o tipo de público, desde os mais velhos que tomavam uma cerveja depois do trabalho até as crianças que voltavam da escola e fazia a festa nos baleiros, que eram feitos de vidro, giravam e mostravam toda a quantidade de balas coloridas possíveis.
“O chiclete Babbaloo lançou na minha época, foi muito marcante. Quando você apertava aquele chiclete macio e saía aquele caldinho dentro dele... Nossa, a gente comprava quase todo fim de tarde. Era muito bom”.
Para quem tem saudade daquela pipoca doce, da maria mole na casquinha, que acompanhava ainda uma bexiga que virava brincadeira depois da sobremesa, ou daquele suspiro colorido, as casas de embalagens e lojas de artigo de festas são possibilidades de matar a saudade.
Nos lugares visitados as delícias ainda estavam à venda, foi unânime que a procura pelos doces ainda existe, e principalmente dos mais velhos. O dono da Emballar, Cleiton Crepaldi, acredita que um dos motivos da procura seja por uma tentativa de relembrar a infância. “Trabalhamos com essa linha de doces mais antigos e sempre tem gente, há mais tempo na vida, que vem comprar”.
Uma das dificuldades do público na hora de comprar os doces infelizmente é o formato da embalagem, pois muitos são vendidos apenas em atacados, como explica a dona da Hiperfesta, Roselaine Godoy. “Geralmente são as pessoas mais velhas, que têm essa nostalgia dos doces mais antigos, como doce de abóbora, suspiro, maria mole”.
A jornalista Gisllane confessa que lembrar dos doces de antigamente é lembrar também da sua própria infância, na memória que a gente guarda dos bons sentimentos de quando era criança. “É bom saber que ainda existem esses doces nessas lojas. Já fiz meus filhos provarem esses doces, alguns eles gostaram, outros não. Eu confesso: às vezes, vou e compro, como sim, me delicio”, finaliza.
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