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Diversão

“A gente não enxerga, mas é feliz” é o maior lema em quadrilha de cegos

Festa Junina do Ismac foi sucesso e cegos mostraram adaptações para ter uma das quadrilhas mais animadas

Thailla Torres | 25/06/2023 09:18
Maria e Luiz deram show na pista de dança; ele não enxerga há 12 anos. (Foto: Juliano Almeida)
Maria e Luiz deram show na pista de dança; ele não enxerga há 12 anos. (Foto: Juliano Almeida)

Na noite de sábado (24), o Instituto Sul-Mato-Grossense para Cegos (Ismac) foi palco de uma Festa Junina inclusiva e repleta de animação. A celebração contou com a participação de cegos e pessoas sem deficiência, que se uniram para dançar quadrilha, saborear comidas típicas e promover a inclusão social.

Entre os participantes estavam Luiz Ortega e Maria de Fátima, um casal que está junto há 30 anos. Mesmo sendo cego há 12 anos devido à Síndrome de Irvan, Luiz não perdeu a oportunidade de se divertir na pista de dança. "Nós amamos dançar, é uma festa animada e a gente não pode perder", afirmou ele.

Márcio Ximenes Ramos, diretor-presidente do Ismac. (Foto: Juliano Almeida)
Márcio Ximenes Ramos, diretor-presidente do Ismac. (Foto: Juliano Almeida)

Márcio Ximenes Ramos, diretor-presidente do Ismac, também marcou presença no evento. Completamente cego desde os 14 anos, ele sempre foi apaixonado por quadrilhas, mas já ouviu de muitas pessoas a pergunta: "cego também dança?". Durante a Festa Junina, Márcio demonstrou que a deficiência visual não é um obstáculo para a dança e ressaltou a importância da inclusão.

"Há 66 anos, o Ismac realiza esse trabalho de inclusão. Para mim, é uma grande responsabilidade estar à frente dessa festa. Quando eu cheguei aqui, era todo travado, todo duro, e uma professora de dança me incentivou muito a dançar. A gente não enxerga, mas é feliz", destacou Márcio.

Ismac foi palco de uma Festa Junina inclusiva e repleta de animação. (Foto: Juliano Almeida)
Ismac foi palco de uma Festa Junina inclusiva e repleta de animação. (Foto: Juliano Almeida)

Responsável por ensaiar e narrar a quadrilha dos integrantes do Ismac, a professora Eva Ortiz, de 51 anos, nasceu com cegueira congênita e desenvolveu sua paixão pela dança aos 7 anos, graças ao incentivo de uma professora. Hoje, Eva utiliza sua experiência para proporcionar momentos de confraternização e mostrar o potencial das pessoas com deficiência visual.

"A quadrilha tradicional precisou ser adaptada, mas é igualmente animada. É um momento para a comunidade confraternizar e conhecer os trabalhos das pessoas com deficiência visual. Além disso, é possível conhecer todo o potencial de pessoas que não enxergam e dançam", explicou Eva. Na dança, os casais são formados por uma pessoa com deficiência e outra sem deficiência, mantendo-se unidos durante todo o momento, de mãos dadas.

Eva também contou com a ajuda de uma pessoa que enxerga, responsável por narrar o andamento da dança. "É como uma audiodescrição para que eu saiba se está correndo tudo certinho", ressaltou a professora.

A Festa Junina no Ismac não apenas proporcionou diversão e alegria, mas também serviu como um exemplo de inclusão. Telma Nantes, subsecretária de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência em Mato Grosso do Sul, destacou a importância do evento. "Faz 26 anos que eu frequento esta Festa Junina e a cada ano ela é um sucesso. Sinônimo de representatividade e inclusão, o evento acolhe e mostra todo o potencial das pessoas com deficiência, que se divertem e sabem fazer festa como ninguém", enfatizou.

A Festa Junina no Ismac não apenas proporcionou diversão e alegria, mas também serviu como um exemplo de inclusão.
A Festa Junina no Ismac não apenas proporcionou diversão e alegria, mas também serviu como um exemplo de inclusão.
Na dança, os casais são formados por uma pessoa com deficiência e outra sem deficiência, mantendo-se unidos durante todo o momento.
Na dança, os casais são formados por uma pessoa com deficiência e outra sem deficiência, mantendo-se unidos durante todo o momento.

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