Aberto há um mês, barzinho simples na 26 de Agosto quer ser reduto cultural
O boteco de esquina, simples, chama atenção de quem passa à noite por, de repente, ter surgido no cruzamento da 26 de Agosto com a 13 de Maio. Antes, só abria durante o dia, para vender café e salgadinho aos trabalhadores que pegam as primeiras conduções da manhã no ponto de ônibus em frente.
Há pouco mais de um mês, as portas estão fechadas até a noite chegar. O local ganhou um colorido diferente nas paredes, sem muita elaboração. Também tem imagem de Che Guevara e um palco humilde. Aos poucos, o Ecletiku's Cultural Bar quer ganhar espaço como reduto de pessoas interessadas em conversar e produzir arte, qualquer que seja ela.
O sonho de abrir o bar à noite é do Rafael Couto, de 27 anos. Antes, já tinha estudado Publicidade e Fisioterapia, mas o interesse no comércio falou mais alto e hoje ele se dedica a fazer o próprio negócio vingar.
“Eu sempre quis transformar aqui em um lugar legal, que as pessoas olhem e tenham vontade de entrar. A fachada ainda está feia, mas vai mudar. A gente tá trabalhando para deixar melhor”, conta Rafael.
Ele comprou o ponto em abril de 2013, foi tocando de dia, até fechar para a reforma em dezembro do ano passado. Reabriu agora, com instrumentos à disposição, no estilo sarau.
Também já reservou dias para "shows principais" e não há preconceito musical. Na quarta-feira é dia de sertanejo, na sexta tem pop rock e uma vez por mês toca rap, em diferentes versões. “Nossa ideia com o rap é sempre levar uma mensagem para as pessoas. Já teve até rap evangélico aqui. Nós queremos trazer vários estilos de música”, comenta.
O bar, que já tem grafites na lateral, vai ganhar mais desenhos em breve e se algum artista plástico quiser contribuir, será bem recebido.
Estão nos planos ainda ampliar o cardápio, que por enquanto tem porção de batata frita (R$ 8,00), Tirinhas de frango (R$ 10,00), caldo de feijão (R$ 2,00) e frango a passarinho (R$ 21,00).
Com o orçamento baixo, o sonho vai crescendo aos poucos e atraindo amigos.
O artista plastico Djandre Rolin, de 50 anos, conhecido como Cigano, é um dos colaboradores. É dele o material exposto pelo boteco até agora. Ele conta que quando começou a ajudar no projeto, Rafael já tinha um conceito definido, de transformar o lugar não só em um ponto de entretenimento, mas também de debate de ideias.
“Nós somos um bar que acaba reunindo mais um público de esquerda, interessado em discutir politica e cultura. Não que a direita não seja bem vinda, todo mundo é bem vindo", diz.
O bar promete noites tranquilas, para tomar uma cerveja com os amigos e curtir o som de artistas que estão começando. "Mas aqui é Davi contra Golias, somos um bar bem no Centro, tem muito bar com grana por perto e a gente tá construindo nosso espaço aos poucos. Eu já pensei em desistir, mas tive muito apoio da minha família”, desabafa Rafael.
Quem quiser conhecer o Eclétiku's Cultural Bar, não deve ir com qualquer expectativa de sofisticação. É boteco mesmo, mas que aceita até recitais de poesia ao microfone. O bar fica na 26 de Agosto, esquina com a 13 de Maio.