Até Jesus apareceu e abençoou o rolê de quem foi no 1º dia de Cordão Valu
Os foliões estavam animados e 35 mil pessoas lotaram a Avenida Calógeras para participar da festa carnavalesca, em Campo Grande
A folia de Carnaval começou no sábado (22), na Esplanada Ferroviária de Campo Grande e a diversão foi tanta que até Jesus resolveu dar um pulinho no local e caiu na gandaia. Com mais de 1,70m de altura, ele foi curtir e abençoar o rolê da galera. “Por conta do meu cabelão todos me conhecem por Jesus, ninguém mais sabe meu nome. Foi por isso que vim assim. O pessoal tá parando, tirando foto pela zoeira”, diz Igor Correa Manzonário
Aos 18 anos, aproveitou o dia para fazer a alegria do pessoal, que gritava por seu nome enquanto ele acalmava os fiéis foliões com as mãos. Foi o momento de aproveitar a folia, beber aquele copão, dançar e até dar uma fumadinha com o foliões, que o acharam o Jesus mais descolado da história.
A festa tinha horário para começar cedo, mas até 15h o movimento ainda era tímido. Uma das primeiras e entrar no local foi Eleusa França, de 68 anos. Acompanhada do marido, Marco Antônio Fraga, de 58 anos, ela botou o sorriso no rosto e aproveitou a fantasia de vedete para entrar no clima carnavalesco. Com plumas no pescoço, a foliona sensualizou e se divertiu com as Divas do Cabaré.
“Estou aposentada e sou eu mesma quem faz a fantasia. Todo ano participo, pois adoro a folia por conta da animação. Gosto de chegar mais cedo para pegar um lugarzinho na sombra e aguardar as amigas. No ano passado, viemos de Divas da Playboy agora é do Cabaré”, diz toda animada.
Ao lado, o marido também não escondeu a alegria de estar na festa. Ele até foi o porta bandeira das Divas do Cabaré. “Estávamos nos preparando para a folia há dois meses. Gostamos muito e apesar de sermos de Uberaba-MG, nos consideramos sul-mato-grossenses porque estamos aqui há 40 anos”, fala. A ideia do casal é curtir os quatro dias de festa junto.
Quem também aproveitou foram os moradores dos arredores da Esplanada que abriram as casas para vender bebidas durante a festa. Teve até uma garagem equipada que virou conveniência com direito a som para a animar a galera.
O evento desse ano estava com a segurança reforçada e vários banheiros químicos espalhados na Avenida Calógeras, que teve o trecho da Esplanada Ferroviária a Rua Maracaju interditado para folia. Enquanto a Polícia Militar ficava de olho na movimentação, a Cruz Vermelha cuidava dos foliões que iam em busca de ajuda após exagerar na bebida.
Um drone da Guarda Civil Metropolitana sobrevoou o local e, através de imagens, revelou o público de 35 mil pessoas no local. Foi o primeiro dia oficial do Carnaval, com o esquenta do bloco Cordão Valu, que neste ano homenageou as mulheres.
“Levantamos a bandeira contra o machismo, assédio, feminicídio, pois infelizmente, Mato Grosso do Sul é um dos campeões nisso. Temos uma sociedade muito machista e conservadora, por isso o Cordão Valu quis homenagear as mulheres, levantando a bandeira contra violência”, diz Silvana Valu.
Ela é a idealizadora do bloco carnavalesco que já está na ativa há mais de dez anos, na Capital. Fantasiada de Medusa, a deusa da mitologia grega, Silvana conta que a roupa foi proposital para “casar” com a ideia da festa que vinha sendo planejada desde o fim do carnaval de 2019. “Ela é o símbolo da luta feminista, pois foi abusada por Poseidon, mas a única a ser castigada é ela. Representa a fúria da mulher”.
O bloco desfilou e quem animou a folia foi o grupo Charanga do Cordão da Valu, Valu Samba Trio, Marta Céu, Edir Valu e Juci Ibanez. Todos subiram ao palco e cantando as marchinhas famosas desta época do ano fizeram os foliões tirarem o pé do chão e dançar com o copão na mão.
As fantasias não mudaram muito do ano passado para agora. Muitos foram vestidos de unicórnio, anjinhos, diabinho, bailarina e até fadas. As plaquinhas e frases prontas como, “Abastece que ela desce” e outras também tomaram conta do pescoço da galera. Alguns amigos aproveitaram para se divertirem juntos, como Maria Clara Rinaldi e Gabriel Gonçalves Carvalho.
Maria Clara estava de Luigi e Gabriel de Mário, e aproveitaram para comemorar os cinco anos de amizade. “Nos conhecemos na escola. Ele era do terceiro ano e eu do segundo, mas começamos a conversar porque jogava futebol e ficou torcendo por mim”, lembra a amiga. “Ela nunca vem no Carnaval, mas neste ano insisti para que pudesse vir”, completa o amigo.
O bloquinho bombou tanto que estava difícil transitar entre a multidão. Enquanto umas pessoas vendiam bebidas, outras aproveitavam para comercializar as tiaras e outros acessórios desta época do ano.
A cada passo, surgia um grupo de amigos fantasiados com os mesmos personagens para fortalecer a amizade. Passamos pelo meninos vestidos de fadas, meninas de sistema solar, as crossfiteiras e noivinhas. Também encontramos uma grávida de Taubaté, girassol e até bebê vestido de Bambam.
Já professor Alan Quadros e o contador Gabriel da Silva resolveram dar vida aos personagens do filme “Se Beber Não Case”. “O Carnaval tem que ser simples e prático, então pensei. Já sou uma pessoa gorda, lembrei do filme, chamei os amigos e deu certo. Foi planejado em três minutos”, brinca Alan.
Com uma boneca na frente da barriga, sendo sustentada por um canguru improvido, Alan conta que é o terceiro ano na folia. “Sempre estamos combinando para termos mais destaque”, afirma.
Teve até casal que resolveu declarar o amor na folia, como Isadora de Assunção de 20 anos e João Victor Lopes de 18. Eles se conhecerem recentemente, há três meses, numa festa de formatura e diz ter sido amor à primeira vista. E como tudo começou com festa, não podiam faltar no Carnaval. “Gosto dele”, afirma ela toda tímida.
Ela com uma saia de tule e uma tiara escrita “Paixão” demostrava estar completamente apaixonada, enquanto ele com a plaquinha “A paixão me pegou”, se declarava para a namorada. Mas a folia não foi marcada só por amor, teve protesto também. Isso porque o estudante e drag queen, Guilherme Silva de Moraes resolveu colocar a máscara do ex-presidente Lula.
“Muita gente tem que saber o que esse cara fez pelo país. É Carnaval, mas temos que ser politizados, pois na gestão dele tivemos um fundo de incentivo cultural que agora foi cortado. É festa popular, é para o povo se colocar e protestar”, destaca Guilherme.
Passeando um pouco mais pelo bloco encontramos Darjane Moura guiando o Serafim, cachorro da raça Golden Retriever de sete meses. O doguinho estava com fitas coloridas amarradas no pescoço e passeava pela multidão super tranquilo. “Ele sempre acompanha a gente, já foi na parada gay e ama ir em tudo. Não fica nervoso e as pessoas o adoram, faz carinho”, fala a dona toda empolgada.
A festa continuou até às 23h de ontem e muita gente aproveitou o encerramento do bloco para descer a pé a Avenida Calógeras e conferir a folia que aconteceu na Avenida Fernando Corrêa da Costa. Esse foi apenas o esquenta para os próximos três dias de farra e muita diversão do Carnaval 2020.
A programação completa do Carnaval você confere no link. (Clique aqui)
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