Bar Fly fecha após 19 anos e proprietária diz que a culpa é da imprensa
Segundo Fátima Menas Kalil, as reportagens sobre a casa são todas negativas
Em dois dias, a proprietária do Bar Fly garante que vai fechar as portas. Domingo, será a última noite de balada na casa que marcou uma era para quem curte rock em Campo Grande. Chateada, Fátima Menas Kalil é enfática ao dizer que não aguenta mais levantar a reputação do espaço, após os últimos acontecimentos e ainda diz que um dos responsáveis pelo fechamento é o Campo Grande News. “A gente está fechando a casa graças à imprensa", reforça Fátima.
A empresária, que mantém o estabelecimento há 19 anos, critica as últimas reportagens publicadas na imprensa regional sobre a operação que flagrou venda de bebidas alcoólicas para menores de idade no Bar Fly, quando ela e o gerente da casa foram levados para a delegacia.
Ela também demonstra insatisfação com outras reportagens que citam o bar, como por exemplo, o princípio de incêndio no fim do ano. “O cara apanha no terminal e, no outro dia, os jornais falam que o cara estava no Bar Fly”, exemplifica.
Além de reclamar, Fátima diz estar desgastada e já ficou prestes a perder a cabeça. “São situações em que se eu fosse homem, do jeito que está acontecendo, eu teria ido à redação desses jornais e feito uma chacina. Isso se eu fosse homem com o meu temperamento, no meu estado normal, mas eu me contive bastante”, afirmou.
Ao comentar o cansaço, Fátima diz que até o momento o portal só produziu reportagens negativas sobre a casa, desconsiderando matérias que já retrataram a cena do lugar mais underground da cidade como “Reduto do rock em Campo Grande, Bar Fly chega aos 13 anos com louvor” e também reportagens que mostram o respeito da casa à diversidade em “Bar tradicional, reduto do rock e do blues, agora bomba é com festa gay”.
“O jornal sempre fez matéria negativa do Bar Fly, coisas que foram me cansando”, acredita. “Tive até proposta de gente para destruir o jornal, mas eu não quis. Nada vai trazer de volta a minha reputação”, lamenta.
Trajetória - O lugar tem o mesmo nome de filme de uns dos maiores boêmios da história recente, o escritor Charles Bukowski. Quando abriu as portas pela primeira vez funcionava na Rua Bahia, sobre uma farmácia e comandado por Fátima, sempre manteve o conceito underground.
O bar já teve vários donos e desde 2007 é comandado por Fátima que sempre foi conhecida das bandas e roqueiros da cidade, desde os tempos do “Stones”, outro bar que tocava rock e que funcionou da década de 90 até 2004.
Apesar de inúmeros shows, eventos para o público do punk, rock e pop rock, o sucesso parece não mudar a decisão de Fátima. Será o fim de uma era? Ela garantiu que sim. “O último dia que vai abrir é domingo. Último dia”.